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Sob Silval, classe política volta ao poder e poda "efeito empresário"
23/11/2010, 08h:55 - Atualizado: 26/12/2010, 12h:28
A reeleição do governador Silval Barbosa (PMDB) representa uma vitória da classe política, mesmo daquelas lideranças que, nas eleições gerais deste ano, estiveram na oposição, como o senador Jayme Campos, cacique político do DEM (ex-PFL). Os políticos, sob o peemedebista, voltam a ser representados num cenário, que tinha se transfomado em campo aberto para avanço do segmento empresarial.
Blairo Maggi quebrou a tradição do Palácio Paiaguás ser comandado por político. Dos anos 1980 para cá, o Estado esteve sob Frederico Campos, Júlio Campos, Carlos Bezerra, Jayme Campos e Dante de Oliveira, todos da safra de políticos "carreiristas". Em 2002, Maggi se apresentou com um discurso forte e inovador. Propagava ser empresário de sucesso, disposto a impor um novo jeito e estilo de fazer política, com transparência, honestidade, sem amarras políticas e com muita vontade para trabalhar. Tentou o tempo todo se desvincular dos políticos tradicionais, embora tivesse sido primeiro-suplente do senador já falecido Jonas Pinheiro, inclusive ocupado cadeira no Senado por quatro meses, em 1999. Jonas era um político nato. A administração Maggi deu tão certa que acabou reeleito em 2006, também no primeiro turno.
A partir daí, criou-se espectativa de que a classe política dificilmente voltaria a comandar administrativamente o Estado mato-grossense, que tem o agronegócio como principal locomotiva do seu desenvolvimento. De um lado, empresários se uniram e, de forma preconceituosa, começaram a rotular políticos como desonestos e responsáveis por escândalos na vida pública.
Todos iguais
O problema é a última gestão Maggi se mostrou igual a dos antecessores. Surgiram denúncias de esquema de corrupção em vários setores do governo, como no Meio Ambiente, na Infraestrutura, na Educação e na Saúde. O escândalo que explodiu no última semana da administração, por causa do superfaturamento de mais de R$ 20 milhões em compra de máquinas pesadas, se tornou o terceiro maior da história do Estado. Perde somente para o Caso Cooperlucas, intrigrante calote superior a R$ 200 milhões aplicado pela Cooperativa Agrícola de Lucas do Rio Verde (Cooperlucas) junto ao Banco do Brasil nas operações de Empréstimo (EGF) e de Aquisição (AGF) do governo federal que aconteceu há 13 anos, e o esquema de corrupção na Assembleia Legislativa no início dos anos 2000 que causaram rombo de aproximadamente R$ 100 milhões.
Mauro Mendes, segundo colocado nas urnas, seria o perfil empresarial que viria dar continuidade ao estilo Maggi de governar. O eleitor preferiu, porém, eleger um político que era vice do então governador. Assim, a classe política, depois de oito anos, volta a conduzir o Paiaguás com a certeza de que todos, na vida pública, são praticamente farinha do mesmo saco.
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Comentários (9)
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BETH MACHADO | Quinta-Feira, 25 de Novembro de 2010, 09h3800
SENHOR BLAIRO MAGGI, o q é ser políico de Carreira?! governador por duas vezes e agora Senador. O senhor não é político de carreira?! Me explique, pois até agora não entendi. Chega ser hilário.
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Lauro Portela | Quarta-Feira, 24 de Novembro de 2010, 08h4100
Num Estado Patrimonialista qual a diferença entre "políticos de carreira" e empresários? Nenhum! Todos mamam nas mesmas gordas (cada dia mais secas) tetas dos Estado. Se Blairo quis se travestir de empresário racionalizando o serviço público, foi só maquiagem. Esquemas como os das máquinas super-faturas existiram, existem e vão continuar a existir, por que nossas empresas - sôfregas da iniciativa particular que faz fortunas individuais - vivem do que o Estado paga e, para tanto, viverão a fraudar licitações. Blairo não enfiou o dinheiro público nos bolsos? Pode até ser, ou não podemos provar nada por enquanto. Mas observemos as leis de incentivos fiscais distribuídos exatamente para seu segmento econômico. MT tem uma das maiores rendas percapitas do país, mas tem periferias miserabilíssimas. Enquanto isso, um cara sozinho, gerando pouquíssimos empregos (pois a soja, depois de utilizar a subempregada mão de obra dos "pés inchados", não alimenta muitas bocas), lucra milhões e é o maior plantador de soja individual do mundo.
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chico | Terça-Feira, 23 de Novembro de 2010, 18h4400
Essa campanha vitoriosa do governador Silval, teve um grande apoio politico, inclusive varias coordenaçoes regionais, de pessoas politicamente e tecnicamente preparadas,(que teve como coordenador geral, o vice Chico daltro) é preciso que o Governador Silval prestigie esses cordenadores que trabalharam e cordenaram de forma plausivel sua campanha.