Queilite angular
22/11/2015, 00h:00 - Atualizado: 21/11/2015, 16h:02

Jackelyne Pontes
Para quem tem filhos em idade escolar a queilite angular, popularmente conhecida como “boqueira”, ainda é uma incógnita e é um questionamento recorrente no consultório dos profissionais. Pensam os pais que o compartilhamento de copos pode causar a doença, e têm razão.
Conforme asseveram Almeida, Melo e Lima (2012) é contagiosa e pode ser transmitida por meio de contato direto com a ferida, a exemplo do beijo (ou o compartilhamento de copos) e os pacientes idosos são os mais acometidos.
A boqueira é aquela feridinha localizada no canto da boca, que pode ser uni ou bilateral, é uma dermatose comum caracterizada pela rachadura e inflamação no ângulo dos lábios. Algumas situações podem propiciar o aparecimentos da doença como por exemplo o uso de aparelhos odontológicos e próteses dentárias (dentaduras), que causam acúmulo de saliva no canto da boca causando a maceração da pele, e consequentemente aparecimento de fissuras com a contaminação por bactérias e fungos, e se o paciente não tratar, pode se tornar crônica.
Algumas situações podem ser desencadeantes da queilite angular, como o próprio processo natural de envelhecimento, que causa a queda da pele do canto da boca favorecendo o acúmulo de saliva na região. A alergia aos produtos de higiene oral também pode ser elencado, assim como: ausência de dentes, cujo efeito na musculatura ao redor da boca é semelhante a do envelhecimento; lábios ressecados; uso de corticoides; compulsão por lamber os lábios; má higiene bucal; uso de medicamentos que ressecam a boca; presença de candidíase oral; consumo em excesso de alimentos que contenham açúcar; deficiência no sistema imunológico (caso de pacientes portadores de HIV, câncer, transplantados, diabéticos e anoréxicos); e carentes nutricionais, sobretudo vitamina B, ácido fólico e ferro.
A fissura, rachadura, vermelhidão ou mesmo uma crosta que se forma no canto da boca são os principais sinais e sintomas da doença e por vezes são agravados pelo simples ato de abrir a boca, provocando dor intensa e ardência no local.
Porém existe tratamento. Na maioria dos casos, a remoção da causa é o suficiente para sanar o problema, porém quando isso não for suficiente é necessário o uso de medicamentos. Pomadas hidratantes, anti-inflamatórias, à base de vaselina ou antifúngicas podem ser usadas.
O tempo de tratamento gira em torno de 1 a 3 semanas. Recomenda-se que o paciente evite bebidas ácidas ou alimentos que irritem o local, e tratamentos cirúrgicos ou por via oral raramente são necessários. Associado ao tratamento com pomadas, pode-se fazer uma terapia com laser de baixa potência, para acelerar a regeneração celular na área das comissuras.
O cirurgião-dentista tem papel importante na prevenção da queilite angular, principalmente no que se refere à educação e a orientação acerca das práticas de higiene bucal. Tomamos então mais uma vez uma atitude preventivista, que a cada dia torna-se mais presente na prática da odontologia.
Jackelyne Pontes é cirurgiã-dentista, filiada ao Sinodonto-MT (Sindicato dos Odontologistas do Estado de Mato Grosso) e escreve exclusivamente para este blog todo domingo - jackelynepontes@gmail.com