Cidades
Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 09h:43 | Atualizado: 13/01/2021, 14h:43
"Fazia novena para acordar menina", diz transgênero, que quer mudar de sexo
Ela pede ajuda financeira, mas diz aceitar também boas vibrações e não mais ataques: já sofri muito
Keka Werneck
A transgênero cuiabana Hadassah Luz, de 34 anos, atriz, está fazendo uma vaquinha on-line com a intenção de arrecadar R$ 50 mil. Este é o valor necessário para pagar cirurgia de redesignação sexual no exterior. Hadassah deseja retirar o órgão sexual masculino e construir, no lugar, o feminino, ajustando corpo, mente e coração.

“Desde criança eu me sentia diferente das outras crianças, sempre sozinha e isolada”
Para sensibilizar possíveis apoiadores, ela traz, na página da vaquinha, resumo de sua história de vida, que não tem sido nada fácil. Diante disso, espera receber, além de ajuda financeira, boas vibrações e não ataques. Diz que já sofreu o suficiente, com a disforia de gênero e seria uma crueldade a mais vierem agora destratá-la com homofobia. Ela fez a transição total em 2020 e se vê pronta para a intervenção cirúrgica. "É o grande sonho da minha vida (...) Desde criança eu me sentia diferente das outras crianças, sempre sozinha e isolada, as outras crianças percebiam que eu era diferente e por isso me machucavam com palavras e atitudes, sei que a culpa não era delas e sim dos adultos que desde sempre incentivam o preconceito", relata.
Afirma que apanhava dos meninos pelo jeito feminino de ser e cresceu com um certo medo e trauma. Por um tempo se escondeu atrás da figura masculina para se defender do preconceito enraizado e também ter "um pouco de sossego". Quem era antes da transição, ou seja, um homem, não faz mais parte de sua vida e por isso prefere não citar nome e não falar mais disso. "Está enterrado", resume.
“Passei alguns anos no fundo de uma cama com uma terrível depressão, não tinha mais ânimo para nada, eu sabia qual seria a cura desse mal terrível mas eu não tinha forças para gritar e pedir ajuda, o medo do abandono e do desprezo me acompanhava e me torturava dia após dia”
Lamenta que tenha sofrido preconceito mesmo na própria família, violências mascaradas com a palavra "amor". Já ouviu muito que devia "tomar vergonha na cara" e pensou em desistir da vida diversas vezes, entrando em uma depressão crônica. Inclusive entidades LGBTQIA+ alertam para o risco de suicídio, que é maior neste universo de pessoas discriminadas. "Passei alguns anos no fundo de uma cama com uma terrível depressão, não tinha mais ânimo para nada, eu sabia qual seria a cura desse mal terrível mas eu não tinha forças para gritar e pedir ajuda, o medo do abandono e do desprezo me acompanhava e me torturava dia após dia".
Depois de muita agonia e com o amadurecimento, resolveu enfrentar sua verdade e ser feliz. "Tomei decisão de mudar minha vida, enfrentei todos os meus medos e assumi para o mundo a minha verdadeira identidade, pensei que haveria resistência por parte da minha mãe como houve há alguns anos atrás quando eu tinha 14 anos e quis me assumir e tomar as rédeas da minha vida, mas fui impedida por questões familiares, religiosas e também pela falta de conhecimento e maturidade da minha mãe. Eu sofri muito por olhar no espelho todos esses anos e não me reconhecer, sofri porque não me viam da forma como eu queria ser vista, sofria por levar o título de gay, não desmerecendo os gays. A minha alma nunca foi compatível com meu corpo e eu chorava muito, eu fazia novena pedindo para dormir menino e acordar uma menina".
No Brasil, a cirurgia de redesignação sexual é feita pelo SUS em algumas capitais, mas pacientes passam por criterioso processo. Em alguns países, como a Índia por exemplo, a intervenção é menos burocrática. "Já pesquisei, será mais fácil assim".
Quem passou por este processo foi Thammy Miranda, filho de Gretchen. Fez a cirurgia de resignificação sexual, de mulher para homem, e tempos depois foi pai, com a esposa Andressa Miranda, do filho Bento, de 10 meses. Este ano, ganhou eleição para vereador em São Paulo: "Agora começa um novo tempo, um novo ciclo na minha vida", comentou.
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Comentários (11)
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Adao Pereira | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 15h1282
TRABALHAR NINGUEM QUER!!!!!!!!!
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Ludmila Arruda | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 15h1062
Coisa chata isso. Por isso as vakinhas virtuais perderam credibilidade. Qualquer inutilidade, vêm encher o saco do cidadão de bem pedindo. Vai carpir terreno. Vai trabalhar no lugar de pedir ok?
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Telêmaco Leão | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 14h1642
Também rezo. Todos os dias. Para acabar a fome no mundo. Não para bobagens.
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Dona Dita CPA 2 | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 14h1433
Parabéns Alex. Se o cidadão quer algo, se vire e vá trabalhar. Brasileiros são preguiçosos e só sabem pedir...
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Alex r | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 12h5763
Cara Hadassah Luz, desejo que realize seu sonho, existe um preconceito sem fim e pouca empatia entre as pessoas. Eu poderia lhe dar dinheiro mas tbm tive uma história triste e o que conquistei foi por luta própria e passei a entender que cada um tem a sua. Torço por seu sucesso mas não concordo com seu caminho.
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Loana Lúcia Neiva | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 12h4972
Vibracoes positivas a vc querida,força na sua caminhada,nao desista de sua identidade,insultos nao te afetará!! Forte abraço.
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KARINE PRATES | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 12h4064
Toda sorte em sua vida! A aceitação e a empatia precisa prevalecer em uma sociedade que predomina o ódio, preconceito e ataques desumanos. A prática da vaquinha realmente é um ato de humanidade, e participa quem sente vontade e se solidariza, verdadeiramente, com a causa. Sucesso e luz em sua empreitada!
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leitor | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 12h131310
absurdo...vai trabalhar....e faça o que bem entender de seu corpo mas não apele para as redes sociais que tem quem precise de verdade, passando fome, doentes e etc.....
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Jurema Morada do Ouro | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 12h03126
Quem já sofreu muito são as crianças que morreram de fome. Vai trabalhar e pare de se vitimizar. Ainda mais por "isso."
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Lourdes Silva Planalto | Quarta-Feira, 13 de Janeiro de 2021, 10h511210
205 mil mortes coronavirus e essa inutilidade pecaminosa.
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