Henrique Maluf
Sugar baby: prostituição ou uma forma de amar?
19/11/2019, 11h:10 - Atualizado: 26/11/2019, 12h:09
Dayanne Dallicani

Os termos Sugar Daddy e Sugar Baby estão em alta nas redes sociais. A novela “A Dona do Pedaço” é uma das responsáveis por isso e, na onda, o Fantástico fez uma matéria bem interessante no último domingo. O que você pensa sobre a temática? Relacionamento ou Exploração?
“A interpretação mais óbvia seria a de prostituição, mas será que o relacionamento sugar é baseado apenas em sexo e o pagamento? ”
Ao pé da letra a tradução de Sugar Baby é “Bebê de Açúcar”, Sugar Daddy, “Papai de Açúcar” e Sugar Mommy “Mamãe de Açúcar” e diz respeito às relações amorosas entre casais de idades bem diferentes, que tenham um vínculo financeiro, onde a pessoa mais velha do relacionamento (Daddy ou Mommy) sustenta ou paga para a pessoa mais nova, as Babies, independente do gênero.
A interpretação mais óbvia seria a de prostituição, mas será que o relacionamento sugar é baseado apenas em sexo e o pagamento pelo mesmo? Seria o termo “Sugar” apenas uma glamourização da prostituição? Antes de opinar sobre o relacionamento sugar, levantei alguns dados sobre a prostituição no Brasil.
Desde 2002 é reconhecida pelo Ministério do Trabalho como ocupação profissional, há também um projeto de “regulamentação”, o PL Gabriela Leite, que causa grandes discussões sobre o tema, de um lado quem é a favor e defende que o resultado seria a inclusão social e a diminuição da marginalização e do outro quem é contra argumentando que a PL nada mais é que a legalização das atividades dos cafetões e empresários do sexo onde o resultado é a mercantilização do corpo da mulher.
As estatísticas da prostituição são preocupantes, 87% acontece na rua, 90% gostariam de ter outro trabalho, 78% são mulheres, 59% são chefes de família e sustentam seus filhos sozinhas, além do baixo grau de escolaridade. Isso tudo num país onde o turismo sexual é um grave problema/atrativo, obviamente, sem contar com a problemática da prostituição infantil. Esses dados deixam evidente que o assunto é uma questão social e de saúde pública.
Os relacionamentos amorosos com pessoas de idades muito diferentes estão em nosso cotidiano há a muito tempo. Os mais conservadores e moralistas sempre apontaram o dedo para esses perfis de casais, como era o caso de Marília Gabriela e Reynaldo Gianechini, Fatima Bernardes com seu novo namorado, os cantores Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, dentre muitos outros, recentemente um caso em especial esteve em alta, o do Presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte Trogneux, 24 anos de diferença e uma incrível história de amor, sendo ele, o mais novo, o apaixonado.
O traço comportamental dos “Sugar”, independente de quem banca, ou é bancado, não é nenhuma novidade, não é de hoje que esse tipo de relacionamento existe, em sua maioria de forma discreta. O que sempre gera burburinhos com a curiosidade de saber aonde fulano(a) arrumou aquela novinha(o) e que esta é só uma relação de interesse, sempre colocando a novinha como a interesseira.
É exatamente nesse recorte que surge o badalado relacionamento sugar, no puro interesse, as Babies procuram por Daddys que lhe deem segurança financeira, apoio de carreira, possibilidade de realizações de sonhos e estabilidade emocional, e é levado a sério por ambas partes.
Nos Estados Unidos, faz mais de dez anos que existem redes sociais e sites especializados nesse tipo de relacionamento. No Brasil alguns sites e aplicativos tem se destacado, tais como o Meu Patrocínio, Universo Sugar, Meu Rubi. Confira matéria exclusiva aqui
“O relacionamento sugar vem se tornando uma opção para aqueles que buscam transparência, objetividade e alinhamento de expectativas, que são muito definidas: sexo e dinheiro”
Essas plataformas capricham na propaganda das Babies e na vantagem de ser um Daddy ou Mommy. Tais como, “Sugar Babies são mulheres jovens, determinadas, objetivas e que almejam conquistar todos os seus sonhos. Elas têm em seus Sugar Daddies verdadeiros mentores, que podem auxiliá-las na busca pela ascensão social e profissional” ou “Um verdadeiro relacionamento Sugar é baseado na transparência de ambas as partes e em benefícios mútuos. Todo mundo sai ganhando!”
Há uma política comportamental nesses sites e aplicativos que determinam que as possíveis relações dali saídas não seja caracterizada como prostituição, inclusive banindo os desrespeitosos, o intuito é apenas um, que a babie encontre seu daddy.
O relacionamento sugar vem se tornando uma opção para aqueles que buscam transparência, objetividade e alinhamento de expectativas, que são muito definidas: sexo e dinheiro. Sinal dos tempos modernos, ou nem tanto? De uma coisa eu tenho certeza, como diz Lulu Santos, “consideramos justa toda forma de amor!”
Henrique Maluf é músico, produtor cultural e pesquisador em Cuiabá. Escreve nesta coluna com exclusividade às terças-feiras. E-mail: herojama@gmail.com
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Comentários (1)
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Nilton Ferreira | Terça-Feira, 19 de Novembro de 2019, 12h5540
sei. até a mais velha profissão do mundo foi modernizada - um uber da prostituição prostituição não é crime sites que incentivam isso ai é outra coisa e se virar eventualmente uma relação de união estável? e os bens do Dady? mommy? e a família deles vão dividir com a sugar?