Rose Domingues
O exercício físico salvou a minha vida
17/11/2019, 06h:44 - Atualizado: 17/11/2019, 06h:56
Dayanne Dallicani

Em agosto de 2017, acordei com uma dor insistente no braço esquerdo. Para colocar a bolsa no ombro era difícil, dolorido. Aos poucos, a sensação se intensificou e já não conseguia movimentar o braço. Então, resolvi ir ao médico ortopedista, que após exames e uma entrevista trouxe o diagnóstico: estresse.
“Como assim, doutor? Não é nada físico?”. O especialista repetiu pausadamente que estava tudo bem com o meu corpo e que todos os sintomas indicavam uma sobrecarga de trabalho aliada à tensão constante. “Você precisa repousar alguns dias para que os movimentos voltem, se não terá de ir à fisioterapia”. Aquela conversa me impactou muito, porque ele insistiu que eu precisava rever a minha rotina, poderia se tornar algo crônico.
Além disso, fiquei uma semana precisando de auxílio dos meus filhos para coisas simples, como pentear o cabelo, trocar de roupa e tomar banho. Você já ficou com a mobilidade reduzida? É horrível! Naquele final de ano, isso tem dois anos, mesmo realizada no trabalho, eu sabia que não conseguiria manter o ritmo acelerado e teria que fazer uma escolha com mais qualidade de vida. Felizmente surgiu uma oportunidade para trocar de setor três meses depois. Relutante, chorosa, fiz o que achei melhor para a saúde e mudei.
Logo que saí de uma rotina intensa para a outra menos estressante, o corpo relaxou e me senti desmoronando, física e emocionalmente. Não havia mais excesso de adrenalina, aos fins de semana havia plantão, passei a ter mais tempo livre e mais paz. Sabe o que é não ser perturbada o tempo todo no celular? Não ter prazos impossíveis para cumprir?
Curiosamente, fiquei repetidas vezes resfriada, cansada e triste. Voltei ao médico para um check up. Precisava descobrir por que me sentia exausta, desmotivada, pois era um sacrifício levantar de manhã, por mim, ficaria deitada o dia todo dormindo, naquela tristeza sem fim. Novamente, após exames, veio o diagnóstico: excesso de estresse.
Doutora Teresa frisou que os reflexos de uma rotina como a minha levavam meses para desaparecer (ou até anos) e que eu teria de fazer algum tipo de atividade física regular mais intensa (de preferência aeróbica), no mínimo três vezes por semana, para tentar reverter o quadro mais rapidamente. Apenas yoga não serviria.
A minha situação era urgente porque meu nível de vitamina D estava baixíssimo. “O estresse crônico é altamente tóxico, já que os hormônios cortisol, adrenalina e noradrenalina, liberados nesse processo, reduzem o calibre dos vasos e potencializam o risco de hipertensão e arritmias cardíacas”. Não era grave, mas era delicado.
Passei a fazer uso por seis meses de vitamina D e C, tive a recomendação de atividade física, caminhada e meditação ao ar livre, perto da natureza, a médica me orientou a ter hobbies também (voltei a tocar piano). Contra minha vontade, fiz um plano na academia em março, durante a promoção do mês da mulher. Procurei encaixar a musculação na minha rotina e comecei.
“Além de emagrecer 5 kg e perder 8% de gordura corporal, tenho mais disposição, energia, alegria, bom humor e qualidade do sono”
Se foi fácil? Pelo contrário, os três primeiros meses de musculação foram extremamente complicados, meu corpo não ajudava, os resfriados e crises de rinite persistiram, me sentia com fraqueza, mal-estar, enfim, queria tudo, menos ir à academia. Mas me forcei a ir, até conversava comigo: “Vamos fazer só alguns exercícios, depois vamos embora”.
Como era tudo novo, me sentia irritada com a nova rotina, a exposição ao barulho, pessoas indo e vindo, tinha dores no corpo e esquecia frequentemente tênis e roupa de malhar. Inicialmente, conseguia ir apenas duas vezes na semana, depois mantive três vezes até que, quatro meses depois, algo incrível aconteceu: estava indo de segunda a sábado!
É importante dizer que eu vivia nesse período um dia de cada vez, como nos alcoólicos anônimos, a cada diálogo interno surgiam vitórias e derrotas. O importante era não desistir após as derrotas e continuar treinando. Porque era como se houvesse um monstro gigante me paralisando! É fundamental dizer palavras de encorajamento a si mesmo, eu escrevia bilhetes pela casa e no trabalho: “Tudo bem você não conseguir ainda, semana que vem tentamos de novo”. Comemore as pequenas vitórias.
Na academia, fiz questão de dizer para os professores sobre a minha dificuldade e à medida que eles “cuidavam de mim”, respeitando meus limites e indo bem devagar no treino, para eu não me machucar ou ficar muito dolorida no outro dia, eu queria fazer mais, até mudar de nível! Ainda vejo tudo isso como um processo de autoamor, autoconhecimento e autocura. Por isso, prefiro que seja devagar e sempre.
É importante ter em mente que todos passamos por isso, então, não se permita desistir. Neste mês de novembro faz 1 ano e 7 meses que estou fazendo atividade física regular. Não posso dizer que não sinto cansaço, tristeza e desmotivação. Houve momentos que quis desistir. Mas os avanços são tão gigantes que não dá para parar.
Na musculação mantive a rotina de treinos rápidos (até 40 minutos), com intensidade moderada de peso e alternância com exercícios aeróbicos (como pular corda, esteira, bicicleta). Já a natação, o que antes era um sacrifício nadar 1 hora, agora é fácil. Estou nadando entre 2 mil e 2,5 mil metros ininterruptamente! Essa é a atividade que mais gosto e a mais relaxante.
Sou uma senhora de 41 anos transformada, brinco com as amigas quer posso dar meu testemunho sobre o ‘antes’ e o ‘depois’ de iniciar atividade física regular. Tenho mais disposição, energia, alegria, bom humor e qualidade do sono. Nunca mais precisei fazer uso de suplementação, faz tempo que não preciso de vitamina D ou C, hoje o enfoque é alimentação saudável.
Sem extremos, reduzi açúcar, evito refrigerantes, bebida alcóolica, massas e frituras. Fiquei meses sem comer hambúrguer, por exemplo. Ao invés de ir no senso comum de quem quer emagrecer, eu não admito passar fome. Organizei aminha rotina para fazer todas as refeições de forma equilibrada: café da manhã, lanche no meio da manhã e da tarde, almoço (reduzi a quantidade de arroz) e no jantar gosto de um pratão de salada, com mandioca e carne, sanduiche natural ou omelete com salada.
Resultado prático na balança e nas roupas: menos 6 kg e 8% de gordura corporal (o que é incrível), meu número que estava oscilando do 38 para o 40 (nas roupas) voltou para o 38 e até 36, ou seja, emagreci muito (mesmo não sendo o foco). O formato do meu corpo mudou, está mais torneado e a “pochete” no entorno da cintura quase sumiu (especialmente quando deixei de ingerir açúcar e refrigerante).
Sei que existem mil desculpas para não começar. Outras mil para desistir, mas até quando vamos colocar a responsabilidade de ser feliz nas mãos de outras pessoas? Não existe outro momento melhor para ser feliz e se amar do que agora. Vamos juntos e sempre! Contem com meu apoio, porque fazer exercícios salvou a minha vida!
Rose Domingues Reis é jornalista graduada pela UFMT, especialista em Liderança e Coaching – MBA pela Unic, com formação em Psicologia Positiva pelo Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC) de São Paulo e escreve exclusivamente neste espaço aos domingos. E-mail: rosidomingues@gmail.com
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Comentários (1)
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Paulo Américo | Terça-Feira, 19 de Novembro de 2019, 23h0000
Obrigado Rose pelo exemplo!!! Acho q foi o q me faltava ler e ver para iniciar o qto antes na academia. Há 3 anos fui duagnisticado c crises hipertensivas. Fiz várias mudanças no estilo de vida e hone já não uso mais remédios há meses! Mas falta a tividade física. E isto estará na minha agenda amanhã!!!