Coronavírus
Quinta-Feira, 14 de Janeiro de 2021, 18h:34 | Atualizado: 15/01/2021, 08h:21
Em 3 meses, todos pacientes com Covid em UTI de hospital de Sinop morreram
SES contesta dados do Observatório Social Mato Grosso e diz que comissão avalia prontuários de pacientes
Allan Pereira
Mayke Toscano Secom-MT

Todos os pacientes com sintomas graves da Covid-19, que entraram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Sinop (a 500 km de Cuiabá) desde outubro, não saíram com vida da unidade. É o que aponta um relatório do Observatório Social Mato Grosso, uma organização voltada na luta da transparência dos gastos públicos. Por trás das mortes, está a precariedade do serviço ofertado por uma empresa contratada pelo Governo para gerir os leitos intensivos, com falta de equipamentos e médicos sem especialidade que atuam em plantões de 120 horas.
Segundo o relatório do Observatório, a mortalidade é excessivamente alta desde outubro, em comparação com os números dos demais hospitais do Governo. O percentual de cura em pacientes vai a zero e, ao mesmo tempo, a taxa de mortalidade vai para 100% dos que entram na unidade. Os demais estabelecimentos de saúde a cura variou entre acima de 20% e abaixo de 40%, e a morte abaixo de 80%.
Os dados usados para a análise foram retirados do Painel Covid do próprio Governo e cruzados com outros números do Ministério da Saúde.
“Notificamos o governador pedindo que incluísse um médico intensivista altamente qualificado e voluntário do Observatório nessa comissão. No dia 13 de janeiro recebemos a resposta recusando a ajuda”
Diz trecho do relatório do ObservatórioPara o Observatório, parte das mortes se explica pelo contrato que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) mantém com a empresa Mediall. A organização alertou a pasta em setembro de 2019 sobre irregularidades no cumprimento do serviço, após analisar os processos de pagamentos. “Mas, mesmo com a mortalidade altíssima na UTI covid Sinop, a gestão insiste em manter e renovar tais contratos com a mesma empresa”, aponta.
A empresa é responsável por conduzir as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Sinop. Contudo, o Observatório relata que, naquela primeira análise, o Governo paga a empresa “sem nenhuma exigência de indicadores de qualidade no atendimento”. Eles identificaram diversas irregularidades a partir de denúncias que recebeu de profissionais.
A organização identificou também que dos três médicos que atualmente atuam na UTI, nenhuma tem especialidade em medicina intensiva. “Então notificamos o governador pedindo que incluísse um médico intensivista altamente qualificado e voluntário do Observatório nessa comissão. No dia 13 de janeiro recebemos a resposta recusando a ajuda”, relata.
Dentre outras irregularidades, estão UTI em funcionamento sem registro de responsabilidade técnica no Conselho Regional de Medicina, profissionais realizando plantões seguidos de 60 e até 120 horas (cinco dias seguidos) e falta de insumos e equipamentos mínimos necessários para funcionamento de leito intensivo.
Na ocasião, o Observatório notificou o governador Mauro Mendes (DEM) extrajudicialmente para cancelar o contrato com a empresa e gerir diretamente os leitos de UTI do hospital. A recomendação não foi seguida e a organização vê que não há vontade política para encerrar o acordo. Por isso, abriu denúncia em outras instâncias, como na Polícia Federal, Ministério Público e Conselho Regional de Medicina.
O Governo não soube apontar ao Observatório o motivo do porquê 100% dos pacientes morrem na unidade. A organização protocolou uma denúncia junto à SES, que montou uma comissão para apurá-la. Mas, segundo o relatório, não houve resultado e o prazo de conclusão foi prorrogado.
Outro lado
Por meio de nota, SES afirmou que informação não é verdadeira e que foi criada uma comissão para apurar detalhadamente cada prontuário dos pacientes que foram hospitalizados nas UTIs do Hospital Regional de Sinop.
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Comentários (4)
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Zé França | Sexta-Feira, 15 de Janeiro de 2021, 09h1241
Tenho um testemunho de uma pessoa de Guarantã que foi entubada no Hospital Regional de Sinop, sarou e hoje conta as fases que passou com a Covid-19.
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Joselia | Sexta-Feira, 15 de Janeiro de 2021, 07h2234
Marinalva pelo visto é funcionaria publica, ficam em casa e todo mes recebendo seu dinheiro sem sair de casa é facil né. Vai dizer isso para um pai de familia que trabalha de sol a sol pra colocar um prato de comida para seus filhos, pois não recebe por mes. E só falta dizer que 600 reais por mes da pra uma familia se manter, pagando aluguel, contas, comidas......
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Marinalva da Caixa | Quinta-Feira, 14 de Janeiro de 2021, 19h151213
Marcos mente descaradamente. Se proteja. Fique em casa. Fecha tudo. Bolsonaro é genocida.
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Marcos | Quinta-Feira, 14 de Janeiro de 2021, 19h04158
Isso é mentira. Minha mãe foi salva neste hospital na semana passada. Agradeço muito a toda equipe e vi vários recebendo alta. Qual a intenção desta matéria. Uma vergonha. Respeitem por favor!
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