ENTREVISTA ESPECIAL
Quinta-Feira, 30 de Janeiro de 2020, 14h:45 | Atualizado: 30/01/2020, 14h:53
Após reformas, presidente da Fiemt cobra mais cortes de gastos e competitividade
Gustavo de Oliveira, que já foi do Executivo, ressalta reformas já realizadas pelo Paiaguás e fala sobre 2020
Vinícius Bruno
Rodinei Crescêncio/Arte/Rdnews

Ex-secretario de Assuntos Estratégicos, Planejamento e Fazenda do Governo Taques, o presidente da Fiemt, Gustavo Oliveira avalia que o Governo Mauro autuou em diretrizes importantes durante o primeiro ano de gestão, mas que ainda existe espaço para que o debate sobre redução de despesas públicas continue. Como diretor da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Gustavo aponta que a atenção do setor agora está voltada para a reforma tributária nacional, da qual se espera um ambiente mais liberal e simplificado em relação à economia brasileira. Em relação à minirreforma tributária realizada no Estado em 2019, por meio da LC 631, a avaliação é positiva quanto ao aspecto da isonomia dos incentivos às indústrias, mas que a Fiemt acompanha setor a setor para verificar se o percentual concedido é suficiente para produzir competitividade.
Confira os principais trechos da entrevista:
Como o senhor avalia os efeitos da LC 631, que reinstituiu os incentivos fiscais em Mato Grosso?
A lei trouxe dois grandes avanços, que foi a simplificação do programa de incentivos, que antes tinha um monte de contrapartidas difíceis de cumprir e de avaliar, e também a questão da isonomia. Todas as empresas que fazem os mesmos produtos em Mato Grosso vão ter o mesmo percentual de incentivo. Isso faz com que o Estado deixe de alavancar algumas empresas em detrimento de outras, e que todas tenha mesma condição competitiva. A preocupação é se esses percentuais vão ser suficientes para garantir essa competitividade. Estamos monitorando setor a setor, para poder tratar de eventuais casos que não alcance esse objetivo.
Qual é a perspectiva da indústria em relação à reforma tributária nacional?
Temos um grupo de trabalho na Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que tem conversado muito com o governo e com o parlamento. O grande ponto dessa reforma é que vai mexer no equilíbrio do sistema tributário Brasileiro. Primeiro ela precisa desonerar a sociedade civil de uma maneira geral, tanto empresas quanto cidadãos. Ao mesmo tempo tem que tomar cuidado para não tirar receitas dos Estados, principalmente, os que dependem muito de compensações da União. Em terceiro, ela precisa se preocupar com a questão do desenvolvimento regional. Se essa reforma não conseguir equalizar estes três aspectos, pode trazer consequências muito sérias para a sociedade brasileira. Estamos muito otimistas, acreditamos que a reforma vai avançar. Existe muito espaço para simplificação e redistribuição. Um ambiente econômico mais liberal é positivo para o futuro do país.
Qual sua avaliação sobre o primeiro ano da gestão Mauro Mendes (DEM)? A indústria foi contemplada nas políticas implementadas pelo Governo?
É nítido que neste primeiro pudemos ver três grandes pilares de atuação. O primeiro foi endereçar as questões do governo anterior quanto às entregas para a sociedade, com pacotes de obras que já estavam em andamento e destravar algumas questões importantes. Todo começo de Governo tem ajustes. O segundo ponto, foi fazer um ajuste fiscal bastante robusto, mas entendemos que ainda existe espaço para fazer mais ajustes, a gente quer que esse debate continue. Quanto a indústria, para que o setor possa ir para frente, precisamos dos empresários otimistas, investindo, e isso parece que está melhorando, mas ainda precisamos de linha de crédito mais barata, de desburocratização entre outros fatores. É um pacote de coisas que precisa ser construído ao longo do tempo e percebemos uma sinalização positiva por parte do Governo, mas que ainda é muito pouco. Nós vamos tanto apoiar quanto cobrar o governo para fazer mais.
Rodinei Crescêncio

O presidente da Fiemt Gustavo Oliveira falou com o Rdnews e elogiou reformas do Governo Mauro, mas ainda espera redução de despesas públicas
Quais são as perspectivas político-econômicas para 2020 tanto para o cenário nacional, quanto para o estadual?
O Governo Federal apesar de não ter uma base política consolidada e não ter apoio amplo no Congresso, consegue apoio pontual para as pautas importantes, como aconteceu com a reforma da previdência. A tendência é que isso continue agora com a reforma tributária e com outros temas que devem vir esse ano. No plano estadual ainda é necessário ajuste no modelo de relacionamento do Estado com os municípios. São cerca de 100 municípios que dependem muito do Governo estadual, para que tenham mais independência. Com mais distribuição da receita tributária às cidades, fortalece-se o pacto federativo e permite uma democracia mais equilibrada.
Pesquisa do Observatório da Indústria aponta que a maior dificuldade do setor em Mato Grosso ainda tem sido a falta de mão de obra especializada. O que é possível ser feito para reverter este cenário?
Do muro para fora da indústria vivemos em um país que atrapalha demais o empresário, e isso é um fato que contribui muito para o desanimo do investidor, e que reflete na falta de investimentos. Quando a gente olha do muro para dentro da indústria, os maiores problemas são a falta de produtividade. A indústria brasileira tem produtividade muito mais baixa se comparada aos competidores mundiais. Para que isso avance precisamos de muito investimento em tecnologia, estrutura enxuta e bons profissionais. A questão da mão de obra qualificada é um desafio grande e crescente, não só na indústria como em outros setores. Para melhorar isso, o Governo nas três esferas, Federal, Estadual e municipal, tem que estar engajado quanto a investimentos em educação, qualidade de ensino, e ensino técnico, que são fundamentais para mudar esse cenário de escassez de mão de obra qualificada.
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