ENTREVISTA ESPECIAL
Sábado, 03 de Outubro de 2020, 08h:43 | Atualizado: 03/10/2020, 13h:46
Assim como em empresas, candidato estreante promete recuperar CPF veja
Euclides Ribeiro é jurista renomado na área de recuperação judicial e diz que inexperiência é benéfica
Airton Marques e Douglas Santos

Assim como nas varas fazendárias, em que tira a corda do pescoço de empresários e produtores rurais atolados em dívidas, o advogado Euclides Ribeiro (Avante) quer salvar a vida financeira de R$ 70 milhões de brasileiros endividados. Renomado jurista na área da recuperação judicial, o candidato ao Senado afirma ter capacidade de “recuperar CPFs”, ajudando milhares de mato-grossenses e brasileiros que não conseguem honrar suas contas com o salário que ganham. Estreante na política, o candidato nega ser representante do agronegócio e garante que a falta de experiência política é um ponto positivo em seu nome, já que não tem vícios dos políticos tradicionais. Euclides encabeça a coligação Avança Mato Grosso (Avante, PDT, Pros, Rede e PSB) e concedeu entrevista exclusiva ao de forma remota.
Rodinei Crescêncio/Arte/Rdnews

Confira os melhores trechos da entrevista com o candidato ao Senado:
O senhor acredita que a inexperiência política pode atrapalhar sua atuação em Brasília ou a carreira na advocacia é suficiente para atender as expectativas?
Não acredito que essa chamada falta de experiência política possa me atrapalhar, ela deve me ajudar, pois como eu não tenho esse traquejo, também não tenho esse vício. Entendo que hoje na política não é uma boa coisa. A política feita hoje no Brasil, que é fisiológica, é muito do toma-lá-dá-cá, ela é desacreditada, nos colocou nessa situação, somos um país que tem um índice de corrupção muito alto, em que somos um povo que tem uma distribuição de riquezas extraordinariamente malfeita e somos um país que não quer apoiar ou fazer com que nós possamos ser empreendedores e distribuirmos as nossas riquezas. Somos uma ilha de ricos, de pessoas que estão querendo produzir, mas não conseguem em virtude da burocracia e da falta de apoio de criação de possibilidades para que possamos crescer. Então, como eu não tenho esse vício da política, acredito que a falta de chamada experiência só tem a me ajudar.
A candidatura do senhor pode ser considerada uma surpresa na pré-campanha, por conta dos apoios que recebeu. O que foi tratado com essas siglas (PDT, PSB, Pros e Rede) para caminharem com o senhor?
“Está tudo perfeito, todas as coligações foram feitas na maior clareza, transparência. Ttudo feito dentro da lei, não tem como fazer diferente”
Euclides RibeiroFoi uma discussão que demorou 4 meses. A primeira pessoa que começou a me ouvir foi a Gisela (Simona) do Pros. Começamos a ter uma afinidade muito boa, pois do mesmo jeito que ela atendia no Procon milhares de pessoas que iam reclamar do tratamento de atendimento que era dado a elas, eu também via no meu escritório milhares de pessoas, pequenos empresários, pequenos comerciantes, sofrendo da mesma forma com o sistema financeiro. Comecei a trabalhar com eles e fizemos a nossa primeira coligação. Depois disso, eu comecei a ter densidade de política, mas não tinha densidade eleitoral. Vinha sempre conversando, desde a pré-campanha do começo do ano (suspensa por conta da pandemia da Covid-19) com o nosso vice-governador Otaviano Pivetta, tentando uma composição, até que ele desistiu da disputa por outras razões não relacionadas com a política, e consegui o apoio dele com o PDT, que veio inteiro, pois viu que as nossas bandeiras são as mesmas, que quer defender o trabalhador e proteger a pessoa que está ali brigando contra. Já o PSB, que para mim é um partido de centro, um partido social, está fazendo um grande apoio para mim em virtude da sua capilaridade. A Rede ainda esta contribuindo com essa nova visão ambiental como agro pode crescer e aprender mais sobre desenvolvimento sustentável. Está tudo perfeito, todas as coligações foram feitas na maior clareza, transparência. Tudo feito dentro da lei, não tem como fazer diferente.
Pela sua atuação com grandes processos de recuperação judicial e bom relacionamento com produtores rurais em Mato Grosso, o senhor se coloca como mais um representante do agro na disputa?
Não sou candidato do agro, sou da produção de quem trabalha, de quem quer produzir. Eu não defendo um único setor. Mato grosso tem uma população enorme e temos vários interesses aqui dentro. Eu sou candidato do Mato grosso, não quero defender uma única classe, mas sim toda a população.
Muito se fala dos barões do agronegócio, que acumulam as maiores riquezas e privilégios. O senhor crê que esse mercado é equilibrado? O que pode ser feito de fato para favorecer os pequenos produtores, que são maioria no estado?
Explicar. Permitir que os produtores entendam a arapuca que estamos aqui nesse setor financeiro explorador, perverso, quem vem retirando toda a riqueza de Mato Grosso. Nosso PIB é de R$ 140 bilhões e pagamos 20% de juros ao ano. Esses R$ 28 bilhões são só para pagar juros, isso é muito dinheiro, é mais que o orçamento anual de todo o Estado de Mato Grosso. Como que se reduz esses juros? Primeiro, estamos sendo financiado por um grupo oligopolista, poucas empresas compram os grãos, e poucas empresas vendem o grão para o agronegócio. Se você vende para poucas empresas e compra de poucas empresas, você não tem o jogo da concorrência. O que nós temos que fazer é aumentar essa concorrência e colocar na mão do produtor o poder de dizer o seguinte: se não vender barato para nós, não vamos produzir. Só que estamos endividados, e com esse endividamento o produtor não consegue impor. Arrumar um endividamento eu sei fazer. Já fiz 424 vezes, desde o pequeno, médio até o grande produtor. Enquanto nós estivermos pagando 20% de juros para esse sistema, é a escola que está faltando, é a estrada que não tem, é o hospital que está em falta. Temos que colocar o sistema financeiro para entender: quer que nós produzamos? Quer que nós continuemos a produzir? Então nós vamos reduzir essa taxa de juros, vai reduzir na marra, na negociação, mas com força. Vamos reduzir com força, força de negociar, força de empreender, pois do jeito que está, nós estamos entregando tudo que produzimos para o sistema financeiro.
Assessoria

O senhor tem um projeto de “recuperação de CPFs”. Como isso funcionária?
Desde 2010, eu quero falar sobre a recuperação do CPF. Somos no brasil 70 milhões de pessoas endividadas. Isso quer dizer que o salário não paga as dívidas. Aí, a pessoa tem que ficar correndo de banco em banco fazendo novo empréstimo. Não dá para viver assim. Essas 70 milhões de pessoas tem que voltar para o mercado de crédito, voltar a consumir e a produzir. Existe uma indústria de roubo do consumidor, que tem o melhor sistema de call center. Desde 2010 faço palestras dizendo que o CPF tem que poder fazer uma recuperação. Em 2012, já tem o projeto de lei que foi colocado no Senado. Está pronto para andar, só que está devidamente engavetado pelo lobby do sistema financeiro, que vem ganhando muito dinheiro com cobrança indevida de juros das pessoas trabalhadoras. Cada cidadão tem que ter um orçamento mínimo e, em cima desse orçamento, nós vamos fazer a conta inversa. Não é quanto o banco acha que tem que receber. Eu não quero saber o tamanho da dívida. Eu só consigo pagar o que cabe dentro do bolso, o trabalhar tem que ter o direito de pagar a conta e ter o seu nome limpo, pagando o que cabe dentro do bolso dele. Aprovada a lei, você vai pegar uma listinha com todos os seus créditos e vai no juiz e diz: a minha dívida é essa e o que eu ganho por mês é tanto. O juiz vai dizer o quanto do salário será comprometido para pagar essa dívida. Não precisa de dinheiro público. Quem deu o crédito, deu errado, ele tem que ser punido também, porque o crédito é uma ferramenta muito mais séria do que como vem sendo tratado no Brasil. Só em Mato Grosso, são 1 milhão de endividados.
Como recuperar o país no período pós-pandemia?
Salvar vidas e salvar empregos. Como que a gente melhora a economia? Bota todo mundo para trabalhar, vamos começar a trabalhar e empreender. Agora, como que vamos trabalhar e empreender nessa arrancada do fim da pandemia e na reestruturação, se estamos todos endividados e não conseguimos crédito de jeito nenhum? Temos que limpar urgente. Hoje nós temos a possibilidade de fazer isso, passando essa lei. Nós temos todos os Procons do Brasil, todas as Juntas de Conciliação do país, todas as mesas de mediações. Nós temos a possibilidade de resolver esses 70 milhões de CPFs que estão negativados, colocando um orçamento com que a pessoa consiga pagar. Aí, voltamos todos para trabalhar, todos para produzir por um país mais forte. Essa é a chance que nós temos e não podemos perdê-la.
Para finalizar, o que o senhor tem a dizer aos leitores do ?
Eu comecei essa jornada já em janeiro, pois sentia que tudo o que havia feito na minha vida privada, poderia atender toda a população. Sempre fui contratado por pessoas que me deram um mandato e eles até pagaram para isso. Agora, eu quero poder responder a essas pessoas que vão me dar um mandado público. Quando comecei a falar, as pessoas me ouviram e começaram a replicar o que eu falava. Essa é a maior satisfação que eu tenho, ver pessoas como os deputados Alan Kardec, João Batista, Dr. Eugênio, ecoando meu discurso. Essa é a maior satisfação que eu já estou tendo. E agora, permitir que as pessoas conheçam as ideias, é um sonho para mim. Ganhar é consequência da nossa proposta, vamos ver o que deus nos reserva.
Confira trecho exclusivo da entrevista com Euclides, quando ele fala do conservadorismo no Congresso:
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