Executivo
Quarta-Feira, 27 de Janeiro de 2021, 09h:39 | Atualizado: 27/01/2021, 09h:54
Governo, AL e MPE definem ações no Pantanal e corixos serão desobstruídos
Da Assessoria
As secretarias de Meio Ambiente (Sema) e Infrasestrutura (Sinfra), a Assembleia e o Ministério Público definiram, em conjunto, ações para restabelecer o fluxo da água para a Baía de Chacororé, em Barão de Melgaço. As instituições definiram que, em caráter emergencial, já serão feitas as desobstruções dos corixos que cruzam a estrada vicinal do Estirão Comprido.
Marcos Vergueiro/Secom-MT

A Sema aponta que desvios feitos em estradas vicinais na região impedem chegada da água
“Vamos imediatamente remover os aterros que estão impedindo que água chegue até a Baía. Nesse momento, os cursos d’agua apresentam pouca água devido à seca que estamos enfrentando porém, essas ações serão importantes quando o fluxo aumentar”, explica a superintendente ambiental de obras da Sinfra, Nadja Felfili.
As medidas emergenciais incluem a desobstrução de quatro pontos de passagem de água e limpeza de canal do rio Chacororé, e desobstrução dos corixos Manoel Domingos e Lueggi. De acordo com vistoria feita pela Sema e Sinfra, os desvios construídos ao longo da rodovia Estirão Comprido para reforma das pontes estão interrompendo o fluxo de água.
Além das ações emergenciais, que devem ter início já nos próximos dias, o grupo também definiu, durante reunião realizada nesta segunda (25), que dentro de dez dias irá apresentar um plano de ação com as medidas a serem tomadas em médio e longo prazo.
“A médio prazo vamos realizar um estudo em todos os corixos às margens do rio Cuiabá para verificar se foram construídos diques e quais os impactos que a remoção dessas estruturas terá no fluxo de água e nas comunidades do entorno. A longo prazo, vamos estudar a desobstrução do córrego Cupim que abastece o banhado a partir da Serra de São Vicente”, detalha o secretário adjunto executivo da Sema, Alex Marega. Os estudos também terão apoio do Juizado Volante Ambiental (Juvam).
Para o promotor de Justiça Joelson de Campos Maciel o restabelecimento do fluxo da água no Pantanal é essencial para garantir a vida no Bioma. “Sem o fluxo de água, o Pantanal morre. Água é vida e um precisa do outro. Dentre as ações, serão estruturados planos para conter a invasão de áreas de preservação permanente e assoreamento de corixos para preservação da água”, enfatiza. Ele explica que também ficou equacionado que os estudos irão abordar o aspecto humano, além dos técnicos, por meio de consultas às comunidades tradicionais que habitam a região.
Reprodução

A baía de Chacororé sofre com falta de água mesmo durante o período chuvoso em 2021
Duas décadas de monitoramento
O nível e a qualidade da água da Baía de Chacororé são monitorados pela Sema desde 1999. De acordo com o analista de meio ambiente, Rafael Teodoro de Melo, a época foi construída uma barragem submersível no corixo do Mato para manter o nível da água da baía de Chacororé, o mesmo tipo de estrutura foi feita no corixo Tarumã para assegurar o nível de Siá Mariana. O corixo do Mato liga as duas baías, já o Tarumã conecta Siá Mariana ao rio Cuiabá.
A contenção feita com pedras e terra tem cerca de 2,5 metros de altura e além de controlar o fluxo, melhora a qualidade da água. “O que vimos desde 1999 com a construção da barragem foi uma melhora significativa na qualidade da água das baías, melhorando o ambiente para a vida dos peixes”, relembra o engenheiro sanitarista. Em 2010, a barragem do corixo do Mato foi destruída por ação humana e precisou ser refeita. Já em 2020, novas avarias foram encontradas e a própria comunidade recompôs a barreira.
Os corixos são corpos hídricos que levam água, nutrientes e ovas e peixes nos dois sentidos: na enchente leva água dos rios para a baía e na vazante a água e os peixes são levados de volta para o rio. Já um rio corre apenas em um sentido a partir de sua nascente.
A baía de Chacororé é abastecida a montante, parte alta, pelos rios Cupim e Água Branca que descem da região da Serra de São Vicente, já a parte baixa da baía é abastecida pelos corixos que ligam o banhado ao rio Cuiabá e pelo rio Chacororé.
Na cheia, o complexo de baías de Chacororé chega a 45 mil hectares de lâmina de água, a partir da união com Siá Mariana e Lago de Mimoso. Já na época da estiagem, a baía Chacororé ocupa uma área de 11 mil hectares.
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