Sexta-Feira, 24 de Agosto de 2007, 11h46
Artigo
Viva o Cururu o Siriri e nossa cultura e o festival
Como dizia Zé Bôlo-Flô ao exaltar e exorcizar a realização de encontros de cururueiros rio abaixo ainda na década de 70. “Viva o cururu o siriri o rasqueado e o encontro do beira rio. Viva o cantar do tuiuiú no ninhal (no pantanal), o mujo da mula sem cabeça , o assovio do minhocão do pari , o grito do negrinho d`agua e a passada do curupira (curupira mesmo), Tudo canta de si , prô pessoal e viva o festival” .
Esses encontros eram realizados geralmente nos bairros mais antigos, bem longe do povo do centro da capital e da academia, como de costume era a elite cuiabana. Na capital três bairros eram marcantes nesse tipo de encontro anual, no qual se reunia grupos de cururu e siriri, além de bandas que tocavam o legítimo e o bom rasqueado, além da gastronomia é claro. Os encontros eram organizados geralmente na realização de festas religiosas em residência, Igrejas, ou de bairros, ainda comum nos dias de hoje.
No Dom Aquino (que na época compreendia os bairros Barcelo, Várzea Ana Poupina, Morro do Tambor, Cruzinha e Aldeia e ainda , parte da Linha de Tiro hoje Jardim Paulista), Antigo Terceiro , hoje totalmente grilado por universidades , grandes empreendimentos e no Poção, cuja característica permanece até hoje. Esses locais eram como centros desses grupos. Na baixada e no restante do Estado, a festa era certa, e a continuidade da cultura do cururu e siriri eram marcantes
Essa gente não ligava muito para o modismo de ocasião (bossa nova, chorinho, Jovem Guarda, movimento de resistência a ditatura , Rock etc), decorrente no país e que chegara a Cuiabá via revistas, emissora de Rádio, jornais e a TV Centro América (a caçulinha). O negócio mesmo era curtir o “cerne do umbigo de origem”, respirar a pura cultura que é nossa. Participar de uma dessas noitadas era como se abastecer culturalmente para o ano todo. Até minha mãe que me colocava para vender pixé e queimada durante a festa e cuidava de uma banca de quitute, não descuidava e também dançava o siriri.
A festança ficou maior se organizou e veio para o centro da capital, mostrar ao restante da cuiabania o que é de fato a nossa cultura. A Prefeitura e seus parceiros está de parabéns pela realização do Festival de Cururu e Siriri, justamente na região histórica do Porto, berço de Cuiabá.
Pena que a Secretaria de Cultura do Estado não acompanhe essa visão de realização do festival, e por todos os anos saísse na frente liderando os festejos do ícone cultural de Mato Grosso. Fiquei sabendo que o apoio da Secretaria Estadual é quase simbólico, e institucional, face as necessidades de realização do festival de cururu e siriri.
Sabendo que já são 30 grupos culturais que irão se apresentar na arena, para um público maior que nas ultimas 5 edições, falta agora a organização estender as apresentações ao rasqueado. Só que para o ano que vem o local não pode ser mais o mesmo, terá que ser ampliado.
Também já tenho informação que, que durante o festival será anunciado a construção do “Siririrão” ( um templo maior de realização de festival de cururu e siriri e outras manifestações). Vamos esperar maior ação do governo Estadual, da Secretaria de Cultura em priorizar a construção do Siririrão, e não fazer que nem no ginásio Aecin Tocantins , entregue quase pela metade e faltando obras e detalhes no local.
Viva o Siriri , Viva o Cururu e viva o Festival !!!
Adão de Oliveira é cuiabano - e Jornalista em Mato Grosso
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