Judiciário
Quarta-Feira, 18 de Novembro de 2020, 17h:51 | Atualizado: 18/11/2020, 18h:35
Justiça mantém decisão de levar indígena que enterrou bisneta viva a júri popular
Allan Pereira
Reprodução

A ré Kutsamin Kamayura teve um recurso negado pela Justiça para que não seja levada ao Tribunal de Júri. Acusada de tentativa de homicídio duplamente qualificado, a indígena da etnia Trumai será julgada por enterrar viva a bisneta, instantes depois de nascer, no início de junho de 2018, em Canarana (a 823 km de Cuiabá). A recém-nascida ficou embaixo da terra por quase 6 horas e foi resgatada por policiais.
Em maio deste ano, o juiz Conrado Machado de Simão, da 1º Comarca Cível e Criminal de Canarana, deu pronunciamento à denúncia do Ministério Público Estadual para levar Kutsamin para o Tribunal do Júri.
Na época, a defesa de Kutsamin pediu para que a cliente não fosse levada a júri. Mas, como o juiz não acolheu a nenhuma das teses, pediu por fim para que a ré seja julgada na modalidade culposa (quando não há intenção de matar), e não ao contrário. Conrado apontou que as tentativas de defesa não foram suficientes para mudar a decisão.
A defesa recorreu ao juiz novamente da decisão de levá-la ao júri. O magistrado, que avaliou as razões dos advogados da indígena e a sentença, entendeu “que a decisão recorrida não deve ser reformada”. “Assim, não verificando que a decisão recorrida tenha ofendido dispositivos legais, nem tenha sido desproporcional ao caso concreto, mantenho a decisão recorrida”, diz.
A data do Tribunal de Júri ainda não tem data marcada. Kutsamin já foi denunciada em junho de 2018 pelo Ministério Público Estadual. Segundo a acusação da entidade, a indígena enterrou a bisneta, matando por asfixia e sem possibilidade de defesa (já que ela era recém-nascida).
O caso
Na tarde de 5 de junho, Kutsamin ajudou a neta, de 15 anos na época, no trabalho de parto. Depois de cortar o cordão umbilical, a bisavó enrolou a vítima em um pano e a enterrou no quintal, numa cova de aproximadamente 50 cm.
De acordo com o promotor de Justiça, Carlos Rubens de Freitas Oliveira Filho, a família não aceitava a gravidez da neta adolescente pelo fato dela ser solteira. Testemunhas relataram ao Ministério Público que a conduta criminosa foi premeditada e orquestrada semanas antes ao nascimento da criança. A cova foi aberta no dia do parto.
A recém-nascida foi resgatada por policiais militares e civis após uma denúncia anônima e transferida em estado grave para Santa Casa de Misericórdia, em Cuiabá, onde ficou internada por mais de um mês, e sobreviveu.
A guarda da menina acabou sendo dada ao pai dela, que também é indígena, mas de outra etnia, um ano após o seu nascimento. Durante o período, ela ficou sob os cuidados da Funai.
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Comentários (1)
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ana | Quarta-Feira, 18 de Novembro de 2020, 18h1610
se eles podem votar porque não podem ser julgados?
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