Os nove assessores de gabinete do vereador rondonopolitano João Gomes (PR) e mais a ex-esposa Veronice Gomes dos Santos e um dos fiscais de Habitação da prefeitura vão ser interrogados na próxima terça (29) pela Comissão de Ética da Câmara Municipal, que apura denúncias de quebra de decoro parlamentar. A oitiva, sob o vereador Milton Mutum (PR), está marcada para a partir das 8h30, numa sala de reunião do Legislativo. A exemplo da primeira, a reunião será aberta.

   A Comissão apura denúncias feitas por Veronice, segundo as quais o ex-marido João Gomes, flagrado portando ilegalmente uma arma sem registro, teria incorrido nos crimes de agressão, pedofilia, contratação de funcionários fantasmas em seu gabinete e ainda em distribuição irregular de casas populares. Mesmo com a estratégia de tentar abafar o caso, o vereador vem enfrentando sérios problemas por causa das acusações. Ele já foi afastado, por exemplo, da TV Cidade, onde tem contrato como apresentador há vários anos. Para piorar, além das três representações que levaram a Mesa Diretora a abrir processo investigatório, João Gomes vê o cerco se fechar depois que o PPS decidiu, nesta semana, ingressar com pedido de cassação do seu mandato.

    O que vem chamando atenção agora em Rondonópolis acerca dessa polêmica é o "sumiço" de Veronice. Há duas semanas, servidores da Câmara Municipal tentam notificá-la acerca da oitiva, mas não conseguem localizá-la. Vizinhos afirmam que ela estaria em Goiânia. Em verdade, Veronice, sob orientação do ex-marido, tende a desmentir o que ela própria declarou à imprensa e à polícia contra João Gomes, tudo para livrá-lo da cassação do mandato. Em entrevista recente ao RDNews, Veronice deixou claro que depende financeiramente do vereador e que, por isso, entende que não pode prejudicá-lo - saiba mais aqui.

    Integram a Comissão que investiga João Gomes os vereadores Mutum e Olímpio Alves (ambos do PR), Reginaldo Souza (PPS) e, como corregedor, Manoel da Silva Neto (PMDB). Apesar do barulho e da pressão popular, João Gomes tende a ser absolvido. Primeiro, porque a ex-mulher não sustentará as acusações. Segundo, porque dos 12 parlamentares, 6 são da bancada do PR, mesmo partido do vereador investigado e, para completar, dois dos três membros da Comissão pertencem também à legenda republicana. Talvez, por isso, o vereador mais votado no pleito do ano passado demonstre tanta tranquilidade diante das graves denúncias. (Patrícia Sanches e Lisânia Ghisi)