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Quarta-Feira, 17 de Junho de 2009, 23h:20 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:23
2 posseiros são executados durante confronto na BR-158
Ronaldo Couto
De Barra do Garças
Enquanto as autoridades não interferem para resolver o impasse, posseiros e caminhoneiros estão se matando na região do Araguaia. Revoltado por ter sido retirado da área da Fazenda Bordolândia, um grupo de trabalhadores que bloqueava a rodovia BR-158, em Bom Jesus do Araguaia, entrou em confronto armado nesta quarta (17) com caminhoneiros que, por sua vez, se mostravam revoltados com a interdição da principal rodovia federal da região. Houve tiroteio. Dois posseiros foram mortos e dois caminhoneiros ficaram feridos.
O confronto se deu em frente à fazenda Bordon, no km 310 da rodovia. Irritados pela demora do bloqueio, motoristas rsolveram abrir a rodovia praticamente no braço e os policiais pouco puderam fazer para evitar o conflito. O tiroteio aconteceu por volta das 10 horas, quando vários caminhoneiros de uma loja de tintas com filial em Barra do Garças resolveu enfrentar os manifestantes. Na agitação, surgiram os primeiros tiros. Os posseiros Adelton Rodrigues do Nascimento, 37, e Abiner José da Costa, 48, foram mortos em meio ao tiroteio. Os dois caminhoneiros baleados conseguiram atravessar o bloqueio e foram atendidos no hospital de Ribeirão Cascalheira. São eles Jeremias Aniceto de Morais, 24, atingido com um tiro no braço direito e, Haroldo Pinheiro Júnior, 30, na mão direita.
Ainda no final da tarde, o delegado regional de Água Boal, João Pessoa, seguiu para o local do conflito a pedido da secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. O coronel Valdemir Benedito Barbosa enviou mais homens para auxiliar a Policia Rodoviária Federal. “Nós queremos evitar outras mortes e por isso estou enviando um reforço para o local", destacou Barbosa. O impasse começou na semana passada. Os posseiros pediram a presença no local do procurador da República Mário Lúcio Avelar, que atua em Cuiabá, do presidente nacional do Incra, Rolf Hackbart, e também do superintendente do órgão em Mato Grosso, William Sampaio, além de representante da Ouvidoria Agrária. Eles exigem autorização para poder voltar à fazenda, de onde foram retirados. Só estavam passando pelo bloqueio ambulâncias e ônibus escolares.
São mais de mil famílias que há cerca de 20 anos lutam pela área. Recentemente saiu uma ordem de despejo da Justiça Federal que foi executada pela Policia Federal. Os posseiros ficaram assustados com a reação dos caminhoneiros e, diante do confronto, decidiram suspender o bloqueio até esta quinta pela manhã. O deputado estadual licenciado Adalto de Freitas, o Daltinho (PMDB), foi à região tentar intermediar uma negociação, de modo a acabar com o bloqueio da BR. Ele tenta convencer autoridades do MPF e da Ouvidoria Agrária a comparecerem em Bom Jesus do Araguaia com vistas a buscar negociação. No município não há telefonia móvel celular. Assim, os contatos mais fáceis são feitos em Ribeirão Cascalheira, município vizinho.
(Às 23h30) - Bordolândia pode ter tragédia como em Eldorado do Carajás, alerta Bezerra
Da tribuna da Câmara, o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) disse que as cerca de 600 famílias de trabalhadores rurais que estavam assentadas em terras da fazenda Bordolândia, na região do Araguaia, estão sendo injustiçadas. Ele fez o pronunciamento após tomar conhecimento de um conflito entre posseiros e caminhonheiros, durante bloqueio da BR-158, e que resultou em duas mortes. Segundo o parlamentar, a decisão da Justiça de retirar os trabalhadores da fazenda gerou um clima de instabilidade social na região. "Não seria nenhum exagero eu afirmar aqui que existe um perigo iminente de acontecer ali uma tragédia tal qual a do Eldorado do Carajás. Vidas podem ser ceifadas!", diz o deputado federal
A área de 55 mil hectares, localizada entre os municípios de Bom Jesus do Araguaia e Serra Nova Dourada, fica a mil km de Cuiabá. Bezerra se diz indignado com a situação. “Venho aqui manifestar minha indignação com este ato covarde que vem que sendo praticado por autoridades públicas federais contra trabalhadores do meu Estado”, denunciou. Há quase dois anos essas famílias foram autorizadas, por decisão do governo federal, a cultivar a terra desapropriada, enquanto o Incra tomasse providências quanto à demarcação dos lotes.
O problema é que, por determinação da Justiça Federal, numa reunião entre procuradores, técnicos do Incra e representantes da área da Bordolândia, a Justiça Federal achou por bem determinar a desocupação da gleba União, nas proximidades e também da Bordolândia, esta, já desapropriada pela União há mais de um ano e meio. Com a decisão da Justiça, explica Bezerra, a PF procedeu a retirada dos assentados da fazenda Bordolândia. Os posseiros, largados à própria sorte às margens da BR-158, decidiram bloquear a rodovia, paralisando totalmente o tráfego de caminhões e automóveis, na tentativa de chamar a atenção das autoridades.
“Confesso que nem nos amargos tempos da ditadura militar eu vi situação parecida. Eu combati e resisti à ditadura, mas depois de tantos anos de luta para vivermos um país democrático (...) me frustra profundamente ver representantes da Justiça Federal desrespeitarem uma decisão legal, depois de muitas reuniões com os posseiros, e, num ato de despotismo, determinarem o despejo dessas famílias”. Segundo o deputado, os trabalhadores são organizados, ligados à Comissão Pastoral da Terra e cadastrados pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura. “Esses trabalhadores não podem ser escorraçados de uma terra onde foram autorizados a ficar pelo próprio poder público”. A Justiça Federal ofereceu outra área para as famílias, mas, segundo Bezerra, trata-se da Fazenda Santa Rita, uma Área de Preservação Permanente e que contém varjão e apresentará problemas no futuro.
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Comentários (10)
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Rogério Caetqno de Brito | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Tudo que começa erado termina infelizmente da mesma forma: errada! Já é hora de começar cobrar a responsábilidade das mortes ocorridas por essas desavenças no campo dos homens públicos, que até hoje não resolveram a questão. Onde já se viu, a Fazenda Bordolândia ainda em fase de desapropriação e o Incra dar sua aquiecência para que os sem tera entrassem, isso é no minimo ser omisso. Resta salientar, que até hoje os proprietários da Fazenda (sim, acreditem, a fazenda tem dono e não é o governo ainda) até hoje não foram indenizados, mais do que justo serem reintegrados em sua posse. isso tudo é culpa das entidades governamentais despreparadas que temos....
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Irineu Alves | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
so falta o ronaldo dizer que o daltinho resolveu o problema, querem apostar: o nobre reporter deveria dizer que recebe do daltinho digo via veba de gabinete da al kkk
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ze | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
ja ta na hora do poder publico acabar com esses bando de vagabundos que pegam a terra depois vendem e vao invadir outra area e porai vai. trabalhar é duro não é mole não.
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Heliio Silva | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Meritissimo Sr. M. Gilmar Ferreira Mendes, MT é terra sem lei, ou não é?
É terra de Coronéis, ou não é?
Estão a pensando que somos louco ou idióta.
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MARCIO | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas.
Queira, por gentileza, refazer o seu comentário. -
Jornalista | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
É lamentável ver o que esse cidadão chamado Gilmar Mendes fez com a classe dos jornalistas. Mas isso já estava escrito nas estrelas. Depois de criar a Lei Daniel Dantas que proíbe a força policial de usar algemas contra bandidos do colarinho branco, agora, ele aparece com mais essa. A de acabar com o diploma de jornalista. Tava na cara que faria isso, já que dessa forma ele desqualifica esta profissão, alegando que não é preciso de formação profissional para exerce-lá. Parabéns Ministro, com essa decisão o senhor mostra claramente quem é depois que assumiu o poder. É brincadeira... Mas de antemão também percebi que para ser presidente do Supremo, basta ser arrogante como o senhor, onde o Ministro Barbosa tem certeza absoluta. O senhor tem sim capangas aqui em Mato Grosso.
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Alexandre | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Interessante o quanto a mídia sensacionaliza as reportagens.
Ha vinte anos atras nem mesmo a cidade de Bom Jesus do Araguaia existia ainda mais esse lance de sem terras lutarem por ela, o fato é que a aproximadamente 7 anos atras o proprio fazendeiro ofertou a mesma ao INCRA, e por motivos alheios ao meu conhecimento desistiu da ideia. Agora quem padece são os interessados conhecidos como sem terras, gente sofrida e em sua grande maioria só o que sabe fazer e lidar na terra. Portanto senhores antes de tomar uma decisão como essa do dia 16 (MP e ouvidoria Agrária) peguem mais leve, pois tem muitos familiares ali honestos e trabalhadores. -
marcos | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Demorou para morrer um sem terra, não procede o direito de ir e vir, tem outros metodos para negociar, eu faria o mesmo, quem trabalha tem todo direito de se defender, sou contra sem terra.
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léo medeiros | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
POSSEIROS EXECUTADOS OU NOVA GUERRILHA NO ARAGUAIA?
Outro Araguaia.
É guerrilha e está ocorrendo hoje em todo o Brasil. Duas pessoas morreram ontem e outras duas ficaram feridas a tiros em um confronto entre sem-terra e caminhoneiros em Bom Jesus do Araguaia (cerca de mil km de Cuiabá), em Mato Grosso.É a guerrilha rural do MST. São os camponeses, como dizia ontem um palhaço petista direto do Araraguaia, assassinados barbaramente pelo aparelho represssor do Estado. Neste caso, o aparelho represssor do estado era composto por jamantas, dirigidas por motoristas, que foram cercados e impedidos de trabalhar pelos camponeses. Houve o confronto entre trabalhadores e guerrilheiros. Os dois mortos são camponeses e serão enterrados com honras militares pelas FARC do Brasil, o MST. Lá por 2030 serão condecorados e receberão indenização e pensão vitalícia.
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MARCIO | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
VEMOS QUE ESTAMOS CRIANDO COBRAS, TEM MUITA GENTE NESSE MEIO QUE GOSTA DE VAGABUNDAGEM, ESPERAM A TERRA CAIR DO CEU.
INVADEM PROPRIEDADES PRIVADAS, DESTROEM TUDO, ROUBAM O QUE NÃO É DELES, E DEPOIS QUEREM QUE O POVO ESTEJA A FAVOR DELES. ISSO TEM QUE ACABAR, SE QUEREM ENXADA, PÁS E FOICES QUE ARRUMEM EMPREGO E VÃO TRABALHAR E PAREM DE FORNECER CESTAS BASICAS PARA QUEM NÃO QUER NADA, SÓ ARRUAÇAS.
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