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Quarta-Feira, 21 de Janeiro de 2009, 17h:03 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:22
A unanimidade como resultado da abstinência cívica
Soa impressionante a aprovação de Lula da Silva e de seu governo. Segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira, 12, a avaliação positiva de Lula subiu a 80,3% em dezembro e bateu novo recorde, enquanto que a aprovação ao governo do presidente também atingiu percentuais recordes e chegou a 71,1%. Vivemos no melhor dos mundos, certamente. Os comentaristas dizem que nenhum governante brasileiro jamais atingiu esse patamar. Nem seguramente um estrangeiro. A não ser os ditadores e aí se pode incluir desde os maiorais tipo Stalin, Hitler, Mussolini até os mais exóticos e mais recentes tipo Idi Amin. Só que a maioria conquistada por esses espectros humanos ruiu como castelo de cartas tão logo o julgamento da História se fez. O caso mais atual, a ser julgado, de alguém com uma maioria tão significativa, é o de Fidel. Ele, que no julgamento pelo ataque ao quartel Moncadaem 1954 proferiu a frase célebre: “A História me julgará”, certamente ainda está para ser julgado definitivamente. Mas, e o nosso Lula?
Oitenta por cento é um índice mais do que significativo. Nenhum governante brasileiro, com pesquisa ou sem pesquisa, em tempo algum jamais alcançou tal nível de avaliação. Podemos começar desde o início: Pedro I, o proclamador da Independência, encontrou forte oposição eteve que deixar o governo para o jovem filho. Este, a verdadeira imagem da bonomia, do pacificador, do governante sensato, que era tido como um sábio,[talvez o único chefe de Estado brasileiro que ainda hoje possa ser assim considerado], cinqüenta anos no poder de inteiro respeito à vida institucional da nação, que exerceu o verdadeiro papel de Poder Moderador e que aboliu a escravatura, no final da vida foi deposto e exilado. Na primeira República nenhum dos presidentes obteve qualquer espécie de unanimidade, seja nas ruas seja no Parlamento. Os quinze anos de governo de Vargas sob regime ditatorial também não foram de unanimidade, muito embora esse período assinale o surgimento da burguesia brasileira, tem-se início o processo de industrialização e as leis sociais são introduzidas. Com a redemocratização, Dutra foi um governo morno mas de estrito respeito ao “livrinho”que era como ele chamava a Constituição recém promulgada. [Muito embora tenhaha vido a cassação do registro do Partido Comunista, é verdade que com a atenuante para o presidente de ter sido decretada pelo Supremo Tribunal].Vargas volta ao poder e, apesar do inequívoco apoio às reivindicações da classe trabalhadora e de sua política nacionalista [a Petrobrás é só um dos exemplos],foi levado ao suicídio. Depois dele vem o presidente mais simpático, alegre [“o presidente bossa nova”, “o pé de valsa”] e empreendedor que este país já teve. Desnecessário ocupar este espaço falando de JK e de suas realizações tão significativas para o Brasil moderno e tão atuais nos reflexos que elas tiveram para opaís. Mas JK não teve unanimidade. Enfrentou duas rebeliões militares e não conseguiu fazer o sucessor. De lá para cá – Jango (deposto), militares e a sua ditadura, Sarney, Collor, FHC – os fatos são bem conhecidos.
Mas eis os impressionantes números de Lula. Que fez, ou que faz, ele para obter tais índices? Que obra material ou institucional de alta significação e envergadura para o futuro do país está ele construindo? Sim, de D. Pedro I a JK, que monumento sequer comparável está o atual presidente moldando para o seu perfil histórico? Que realizações [materiais? intelectuais? espirituais?] têm feito para lhe dar tão alto, significativo e inédito apoio? Em que estrela se esconde o mistério dessa unanimidade?
Ou será que tudo o que estamos vivendo é resultado de um lamentável momento de abstinência cívica da Nação?
Deixo para outra ocasião o desenvolvimento desse comentário. Mas não posso deixar de fazer a indagação de sempre: você já foi pesquisado? Você já foi ouvido por algum desses institutos de pesquisas para emitir a sua opinião sobre o seu apoio ao governo? Nunca fui e ainda não conheço ninguém [“muito prazer”– lhe direi] que o tenha sido. Por via das dúvidas, se o leitor tiver algum interesse em se manifestar acesse o site dos jornais O Estado de São Paulo/Jornal da Tarde que está realizando pesquisa nesse sentido. Momentos antes de concluir este artigo observei a votação: dos 51.582 acessos 39% aprovam Lula, enquanto que 61% reprovam o presidente e seu governo.
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado, professor universitário, consultor jurídico ambiental e ex-presidente da Academia Mato-Grossense de Letras
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Comentários (4)
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Clementino Nogueira de Sousa | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
O importante não ser a favor ou contra esse tipo de pensamento sedentário,mas historicizar, o enunciado abstinência civica e percebermos, como o discurso historiografico constituiu,sacrilizou,cristalizou uma única forma de pensar a memória e a história. E viva a história dos homens infames pq ela esta aborrecendo os estupidos.
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Assunção | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Senhor Sebastião Carlos Gomes de Carvalho:
Não quero rever a história do Brasil, muito menos falar a respeito de D.Pedro I, etc. Acho que não tem nada de espiritual , referente a popularidade do nosso LULA. Aliás, a voz do povo é a voz de DEUS, não é? A vitória de LULA venceu o medo daqueles reacionários direitistas. Aceitar o presidente LULA é , simplesmente fazer justiça à quem de direito. Não é abstinência cívica, mas sim justiça do povo brasileiro -
Antonio Benedito Ribeiro Teixeira | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Eis o que diria Rui Barbosa, se vivo fosse, embora imortal, para o Sebastião Carlos Gomes de Carvalho, advogado, professor universitário, consultor jurídico ambiental e ex-presidente da Academia Mato-Grossense de Letras,
- Assim o escritor curto de idéias e fatos será naturalmente um autor de histórias curtas assim como um sujeito de escasso miolo na cachola de uma cabeça de coco velada, não se poderá senão esperar breves análises ou chochas tolices ...
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vilmar do carmo | Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h0000
Muito instigado o texto do professor, realmente tenho que me perguntar qual a grande obra do Presidente Lula? A economia - o preço da carne, do arroz do feijão, do ocmbustível - criação de vagas em universidades públicas - fomentar geração de emprego e renda. Sinceramente, para eu, percebo ser um governo de contos, de populismo, e o povo adormecido ainda não se deu conta que o Brasil só não naufragou porque teve anteriormente FHC no poder, esse sim, fo o que reconstrui o Brasil, embora tenha cometido erros, com os seus acertos supera o Lula paz e amor. Gosto do Lula, mas gostaria de vê-lo sendo realemente um estadista e parar de dar nome naquilo que teria de ser obrigatoriamente feito, refiro-me ao famigerado pac. Um abraço professor...
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