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Quarta-Feira, 17 de Outubro de 2007, 08h:49 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:19
Ainda a divisão
Talvez seja um pouco de paranóia minha insistir no assunto com este quinto artigo. Na realidade, estou seguindo um pouco da minha intuição e as provocações dos leitores. Mas por ter vivido os anos de 1976, 1977, 1978, 1979 e seguintes, nos quais a divisão de Mato Grosso foi paranóia nos dois estados, imagino que seja preciso retratar um pouco do clima pela sua importância como um dos mais significativos eventos da história mato-grossense. Hoje quando ouço falar em propostas de divisões para o mesmo Mato Grosso, até me arrepio. Quem se lembra sabe o quanto tudo foi difícil e doloroso.
Mas ontem fui a Chapada dos Guimarães, conversar com o ex-governador Garcia Neto, em cujo governo a divisão se deu, para uma entrevista para a revista RDM de outubro. Encontrei-o junto com dona Maria Lygia, a inseparável companheira no sítio “Bem Bom”, de 51 hectares, que eles possuem há mais de 30 anos. Visitei-o lá algumas vezes no auge da fogueira da divisão. Recordo-me que numa das vezes fui para pedir demissão do cargo de diretor de divulgação do governo. Revelei, por conta própria, alguns fatos em “off” para um jornalista e ele divulgou e a notícia se espalhou nos grandes jornais nacionais e criou uma quizumba muito grande. Fui ao sítio pedir demissão e ele riu muito de mim, porque o que havia dito, felizmente, acabou favorecendo-o no jogo político que corria por trás do processo da divisão.
Nossa entrevista ontem foi muito boa. Ele, aos 85 anos, extremamente lúcido e de memória privilegiada recorda o antes, o durante e o depois da divisão com olhos críticos de político e agora, de cidadão.
Perguntei-lhe como ele imaginaria hoje Mato Grosso sem a divisão, levando em conta as profundas divergências políticas dos líderes das duas regiões. Ele continua contrário à divisão, alegando que nunca teve dificuldades de administrar o estado por causa do tamanho. Mas que, do ponto de vista político, de fato, havia divergências, mas nada que não fosse próprio da política. “Deus criou o Homem, e o Homem criou a política”, riu. Traduzindo, significa que nada de mais extraordinário teria acontecido que não pudesse ser resolvido pelos caminhos da própria política.
Segundo ele, do ponto de vista de desenvolvimento, Mato Grosso seria hoje a oitava economia entre os estados brasileiros. No Nordeste, por exemplo, só perderia para Pernambuco.Mas ainda na questão política e nas divergências entre as regiões Norte e Sul, ele acredita que o Norte teria crescido mais e superaria o Sul, como de fato superou ao longo desses últimos 30 anos. Teria crescido, se imporia economicamente e, logo, teria maior peso político.
Nossa conversa só não se prolongou pelo resto do dia de ontem e, seguramente, noite adentro, porque tinha um compromisso em Cuiabá às 14 horas. Desci de Chapada, louco de vontade de ficar lá e, junto com ele e Dona Maria Lygia, espichar as nossas “filosofações” sem fim, como já fizemos tantas outras vezes. Enfim, pessoalmente ele está bem resolvido sobre o assunto e ri de tudo o que passou. E conserva todas as suas certezas de que Mato Grosso, pelas razões alegadas, não precisaria, de jeito nenhum, ter sido dividido.
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM (onofreribeiro@terra.com.br)
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