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Terça-Feira, 03 de Julho de 2007, 09h:25 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:16
Aquecimento do mundo
O mais aguardado prognóstico da saúde do clima no planeta encerra de vez o debate sobre se os humanos têm ou não culpa pelo aquecimento global. O aumento de temperatura projetado até o final do século é de aproximadamente 3º C, como valor provável. "o aquecimento do sistema do clima é inequívoco e agora se torna evidente, a partir de observações de acréscimos nas temperaturas globais médias do ar e dos oceanos, derretimento disseminado de neve e gelo e elevação do nível médio global dos mares", afirma o quarto relatório do IPCC.
Deter o aquecimento global vai ser difícil, os resultados vão demorar a aparecer e vai ser preciso negociar muito para que o potencial de redução na emissão de gases estufa nos países em desenvolvimento possa ser aproveitado. Segundo o IPCC, o maior volume das oportunidades mais fáceis para tentar frear a mudança climática está nas nações em desenvolvimento, e é aí que precisamos sermos inteligentes e habilidosos para saber negociar.
É comum ouvir de pessoas com mais de 50 anos, especialmente do Sul e Sudeste, a observação de que não faz mais noites frias como antigamente. Essa percepção é correta. As temperaturas estão subindo em todo país: já aumentaram de 0,6 a 0,7º C nos últimos 50 anos. As temperaturas mínimas subiram quase 1º C durante o mesmo período. Há um menor número de noites muito frias. Tudo isso é principalmente conseqüência das crescentes emissões de gases de efeito estufa por atividades humanas. A física que embasa o efeito estufa da atmosfera terrestre é robusta e bem conhecida desde o final do século 19. O Brasil precisa conhecer as vulnerabilidades às mudanças climáticas de suas várias regiões para adotar uma política pública de "redução de danos".
Além disso, é preciso uma profunda transformação, talvez sem paralelo na história da civilização, uma evolução não biológica, mas filosófica e cultural, do Homo sapiens para algo novo, que podemos chamar de Homo planetaris. Essa nova humanidade deve ser guiada pelo conhecimento e pela ciência e ter respeito e solidariedade com os menos afortunados, é o que pensa o físico brasileiro Paulo Artaxo, da USP.
É no campo da mitigação que se dão os embates políticos. Países ricos, os que mais contribuem para o aquecimento global, querem que nações em desenvolvimento também aceitem compromissos de redução. Seria para o segundo período do protocolo de Kyoto, depois de 2012 - os resultados do primeiro são em geral considerados um fracasso. O governo brasileiro bateu pé na questão do desmatamento, ponto sensível para o Brasil nas negociações. José Domingos Miguez, do Ministério da Ciência e Tecnologia, insistiu que se cravasse no texto a estimativa de que ele lança 1,6 bilhão de toneladas anuais de carbono na atmosfera - 15% da emissões globais.
Para quem acha que o importante das mudanças climáticas em São Paulo e no Brasil virá apenas daqui muitas décadas, os cálculos do pesquisador Hilton Pinto, do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp, são um verdadeiro balde de água fria, quer dizer,quente,no caso. O governo deveria se interessar por esses números e por outros que vêm sendo produzidos pelos cientistas. Mas o Brasil não tem um plano de adaptação para mudança climática. "As políticas são insuficientes", admite Luiz Pinguelli Rosa, professor da Coppe (coordenação de programas de pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, órgão cujo chefe é o presidente Lula. Para o pesquisador, falta uma cultura que envolva as mudanças do clima no dia a dia das cidades e do país, e afirma, o tema das adaptações aos impactos é onde estamos pior. Como pesquisador concordo integralmente com o professor Luiz Pinguilli, é preciso oxigenar os órgãos ambientais, para que possamos visualizar um amanhã promissor.
Romildo Gonçalves é biólogo, especialista em queima controlada, planejamento ambiental, professor e pesquisador da Seduc/UFMT
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