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Segunda-Feira, 29 de Outubro de 2007, 11h:41 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:19
Brasil subterrâneo
Através de informações que nos chegam pelos mais diversos meios de comunicação somos levados a pensar o que é, em que tempo está e o que quer esse enigma chamado Brasil. O filme Tropa de Elite faz uma revelação que está deixando chocada a sociedade brasileira que se descobre financiadora da violência proveniente do tráfico de drogas, através de seus jovens endinheirados. O traficante Abdiel Rabelo em entrevista no JB da época em que foi preso já denunciava como negociadores do tráfico os barões endinheirados das mansões. A prova do que dizia era seu próprio irmão Jabes Rabelo, deputado federal cassado por envolvimento com tráfico.
Outro dia através da mídia televisiva assistimos, sem, pasmem! nenhum choque social, salvo a honrosa, pertinente e necessária, porém isolada, manifestação da OAB fluminense, a uma caçada de helicóptero a dois prováveis traficantes que corriam, como coelhos, ladeira abaixo no morro. Sob o fogo cerrado do helicóptero, eles morreram. A questão é: não havia nenhuma possibilidade de acuá-los, prendê-los e talvez, sonho meu, como aos grandes do país, conceder-lhes "hábeas corpus" para responder pelo crime em liberdade. Negros e favelados que eram, a sociedade não se indigna. Nenhuma facção religiosa questiona tal fato. Estranho. Muito estranho.
Através da mídia impressa recebemos a informação de que a bancada ruralista da Câmara tem feito esforços para barrar investigações sobre trabalho escravo no país. Aqui uma dúvida povoa a minha ignorante pessoa, a bancada ruralista é a representante do agronegócio, saudado como a grande força do desenvolvimento do país? Mas, como é que uma sociedade moderna, movida por uma atividade moderníssima, o agronegócio pode usar de expediente de uma sociedade bárbara, como foi o Brasil escravocrata, uma nódoa na nossa história. Qual é o critério que se usa para "escolher" os escravos. Escolhem-se aqueles com cara de "jeca", os campesinos "bobos", aqueles "preguiçosos", que não têm iniciativa para nada, só trabalham sob forte mando? Os senhores de escravos "detectam" e dão a "sentença" de que estes e suas descendências para nada servirão porque estão despreparados para grandes empreendimentos, grandes execuções, grandes negociações com bancos. Num simples olhar e o diagnóstico fenotípico leva a um veredicto genético, pois determina-se que estes e os seus descendentes só servem para trabalhar naquele tipo de trabalho sob aquelas condições. Noticiou-se que ao menos um parlamentar brasileiro teve, em sua propriedade, trabalho escravo. Porém, quando uma bancada parlamentar se une em torno dessa causa, há de se presumir que não é, infelizmente, um caso isolado. Essa classificação de superiores e inferiores a partir de características exteriores levou o mundo à guerra contra um sujeitinho de bigode. A permanecer esse estado de coisas em que existe uma casta brasileira que se traveste, se maquia de moderna e outra, a que sustenta essa maquiagem e que vive em condições subumanas, tornam, infelizmente, sempre atuais os versos de Castro Alves: Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! ...E ri-se a orquestra irônica, estridente.....Andrada! arranca esse pendão dos ares.
Elesbão Moreno da Fonseca é engenheiro civil e músico (elesbaomoreno@uol.com.br)
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