O ex-secretário-chefe da Casa Civil e de Justiça e Segurança Pública do governo Blairo Maggi, Carlos Brito se desfiliou do PR, maior legenda do Estado. Ele protocolou o ofício junto ao diretório municipal de Cuiabá nesta segunda (4). O ex-deputado deve retornar ao PDT, pelo qual concorreu à reeleição em 2006 e ficou na primeira suplência e vai ocupar cadeira na Assembleia, segundo acordo de bastidores já fechado com o titular Otaviano Pivetta, que comando a legenda pedetista no Estado. Brito terá ao menos 8 meses de mandato. Esta será a terceira vez que Pivetta pedirá licença para prestigiar suplentes.

   O seu retorno ao PDT faz parte da estratégia de Pivetta, que vem se articulando para o partido receber filiados de "peso", na esperança de marcar posição nas eleições de 2010. Outro que também vai aderir ao PDT será o procurador da República José Pedro Taques, inclusive para concorrer ao Senado. O partido já cooptou o médico Aray da Fonseca, ex-secretário de Saúde de Cuiabá e o advogado Marco Túlio. Ambos militavam no PTB.

   Brito retorna à AL para recuperar prestígio e visibilidade e, assim, encarar o projeto por um novo mandato. No documento entregue ao presidente do PR da Capital, ex-vereador Helny de Paula, o ex-deputado não entra no mérito sobre as razões de sua desfiliação. Se limita a escrever que foi por "desligamento voluntário". Não é de hoje que Brito vinha se sentindo excluído do partido de Maggi. Ele não declara publicamente, mas, nos bastidores, está disposto até a fazer oposição ao Palácio Paiaguás depois que se viu abandonado pela turma da botina.

Reprodução do ofício de Carlos Brito junto à direção do PR de Cuiabá, em que pede desligamento da sigla

---------------------------------------------------------------------------
Clique aqui e confira o documento na íntegra sobre a desfiliação de Brito do PR

   Além de PDT e PR, Britto já passou pelo PSDB e PPS. Ele foi um dos principais articuladores políticos do governo Maggi, tanto que comandou a Casa Civil e assumiu o desafio de conduzir a Justiça e Segurança Pública, uma das mais complexas e problemáticas da estrutura do Estado. Acabou enfrentando uma série de desgaste. Brito "comprou briga" com alguns líderes do grupo da turma da botina e ficou isolado. Enfrentou até ameaça de CPI na Assembleia para apurar supostas irregularidades na Sejusp.

    Brito ganhou projeção na vida pública a partir de sua liderança como presidente do bairro Parque Cuiabá. Primeiro se elegeu vereador, foi presidente da Câmara Municipal e virou prefeito por alguns dias. Depois foi deputado e ocupou cargo de secretário de Estado. Em 2006, ele obteve 30.899 votos. Apesar da votação expressiva, virou na primeira-suplência. Agora, quase quatro anos depois, tem a oportunidade de voltar à AL. Outros dois suplentes da coligação já assumiram por quatro meses, sendo eles Wilson Kishi, que teve 8.751 votos e hoje é vice-prefeito e secretário de Obras de Cáceres, e Erival Capistrano, prefeito cassado de Diamantino. Capistrano ficou na terceira suplência para deputado, com 4.860 votos. (Romilson Dourado)