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Domingo, 07 de Janeiro de 2007, 06h:02 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:15
Conceder ou não a água em Cuiabá?
Em artigo neste domingo (7) no Diário de Cuiabá, o jornalista Onofre Ribeiro comenta sobre a concessão da Sanecap. Confira a seguir.
Acabei interessando-me por essa discussão em torno da concessão da Cia. de Saneamento da Capital – Sanecap. Quando mudei-me para Cuiabá, há exatos 30 anos, o governo federal, através de um programa chamado Planasa (Plano Nacional de Saneamento), investiu pesado na capital, até então uma pequena cidade com menos de 100 mil habitantes. A cidade pôde crescer com expansões de redes e de captações.
Hoje Cuiabá passa de 600 mil habitantes e a situação é caótica. Nunca mais se investiu em abastecimento de água, exceto para atender aos mais de 200 bairros novos que surgiram no entorno do centro, a maioria “grilos” e invasões distantes entre si, mas servidos por longas redes que custam muito caro.
Há duas semanas o prefeito Wilson Santos convidou jornalistas para um café da manhã onde se discutiu a concessão da Sanecap à iniciativa privada, mediante licitação. A apresentação de números sobre a saúde da empresa atual é alarmante. Mas o que mais me chamou a atenção vai além dos números.
Já não é mais possível construir conjuntos habitacionais, bairros novos e nem condomínios que dependam de água pública. Não há disponibilidade nas captações atuais para mais nada. O prefeito lembrou que o governador Blairo Maggi quer construir conjuntos habitacionais populares em Cuiabá, mas não poderá fazê-lo porque não haverá disponibilidade de água. Do mesmo modo, grandes prédios residenciais ou comerciais estarão impedidos porque também faltará água.
Gostaria de lembrar que em 1995, a energia elétrica no estado estava assim. Em cidades como Barra do Garças, o cliente da Cemat precisava consultar antes para saber se haveria energia elétrica suficiente para ligar um aparelho de ar condicionado. Resolvida a questão da energia com a privatização da Cemat, esses absurdos são lembranças do passado.
Assim, se colocam exemplos. Campo Grande optou pela concessão e em cinco anos a cidade resolveu sua questão de água e de saneamento. No caso de Cuiabá, os investimentos estimados pela UFMT seriam de R$ 300 milhões em 30 anos. A empresa calcula em R$ 500 milhões. Esse dinheiro não existe. A empresa não é deficitária, mas tem dívidas pesadas e custos crescentes.
Contra a concessão levantam-se vozes na contramão da atualidade mundial. Porém, parece-me que são vozes políticas sem discurso, em busca de alguma evidência eleitoral. São vereadores de poucos votos e ensaios de parlamentares estaduais de pouca expressão política. Temas como esse dão boas discussões e prometem votos. Como se vende até a alma por meia dúzia de votos, a chance é ótima para políticos populistas.
Por fim, além da solução moderna ao problema de abastecimento, como se fez há 30 anos, a concessão da Sanecap garantiria, segundo o prefeito as tarifas sociais e econômicas, a questão ambiental e os investimentos necessários.
Fico imaginando: se a privatização da Cemat produziu um salto de qualidade e de investimentos no estado, por que não tentar com a água? Desde que haja transparência, impedir isso seria andar para trás e acumular problemas para o futuro e arranjar temas para novos discursos velhos.
* ONOFRE RIBEIRO é articulista deste jornal e da revista RDM (onofreribeiro@terra.com.br)
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