O presidente da União Cuiabana de Associações de Moradores de Bairros (Ucamb), Édio Martins de Souza, reclama que dos 225 bairros existentes na Capital, apenas 65% tem regularização fundiária. Este é um dos principais fatores que impedem que serviços básicos, como água e luz, sejam colocados nestes locais. Édio defende a criação de uma secretaria específica para a regularização fundiária. "O Ministério das Cidades possui desde 2004 um fundo somente para este fim, mas não há qualquer interesse da prefeitura", avalia.

   Morador do bairro 1º de Março, Édio diz que só recebe água a cada dois dias e, ainda assim, somente por duas horas. "A qualidade não é boa, ficamos receosos até de tomar banho". Segundo ele, apesar do prefeito Wilson Santos dizer durante a campanha à reeleição, em 2008, que a qualidade do serviço prestado pela Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) melhorou, já ocorreram dois aumentos na tarifa de água desde 2004. "A arrecadação da Sanecap saltou de R$ 2 milhões para R$ 6 milhões desde que o prefeito assumiu, mas não por melhoria na administração como diz Wilson Santos. Aumentou devido à própria incompetência da Sanecap, que reajustou a tarifa duas vezes", aponta.

   Segundo Édio, a tarifa mínima de água saltou de R$ 11,20 para R$ 16,20. "Não entendemos como a administração da Sanecap, que o prefeito dizia ser tão boa, começou a dar prejuízo 20 dias depois das eleições". Segundo Édio, a prefeitura deveria ter instituído uma agência reguladora para avaliar o serviço prestado pela Sanecap. "Isso chegou a ser discutido no final da gestão do Roberto França, mas o Wilson Santos conseguiu junto à Câmara Municipal a possibilidade de reajustar a tarifa por decreto. A população só ficou sabendo desse último aumento, por exemplo, por meio da conta de água que chegou em janeiro", frisa.

   Promessas

   Na avaliação de Édio, o prefeito prometeu obras, traçou estratégias de marketing, mas não aliou o discurso à prática. "As coisas não acontecem. Há muita promessa e pouco trabalho". Desde o fim das eleições, segundo o líder comunitário, as ações da prefeitura nos bairros simplesmente pararam. "Desde outubro as coisas não andam. Há muitas lâmpadas queimadas e deficiências graves na coleta de lixo", ressalta. Segundo ele, não há justificativa para a prefeitura deixar de trocar as lâmpadas, pois existe um recurso específico, a Cipe. Édio também ressalta que a Ucamb não votará mais a favor do reajuste da tarifa de ônibus. "Da última vez, votamos a favor porque a prefeitura e a secretaria de Transportes prometeram melhorias. Mas, como não foram implementadas, seremos contrários ao reajuste". O aumento só não aconteceu ainda porque o Ministério Público conseguiu uma liminar na Justiça.

   A Ucamb foi fundada há 28 anos. Édio comanda o movimento comunitáiro cuiabano e tem militância partidária. Hoje está no PP. Ele chegou a cogitar candidatura a vereador por Cuiabá no ano passado, mas mudou de idéia após o governador Blairo Maggi (PR) doar uma sede à entidade. "Por respeito ao governador, retirei minha candidatura para apoiar o Mauro Mendes", ressalta. Ele faz questão de frisar que a Ucamb nunca foi contemplada com cargos no Executivo. "Chegaram a dizer que o Adalberto Cavalcante era da Ucamb. Faço questão de lembrar que ele é apenas ex-presidente da entidade e que nunca tivemos cargo na prefeitura", explica. (Andréa Haddad)