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Terça-Feira, 29 de Maio de 2007, 03h:29 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:15
Educação: prioridades? Onde?
Nos últimos anos, ocorreram avanços na educação, mas ainda existem grandes problemas a serem enfrentados: a universalização do ensino fundamental, o acesso às universidades não pode continuar a ser um privilégio de poucos, o combate ao analfabetismo, melhorar a qualificação profissional e salarial dos profissionais da educação.
Sim, são problemas para uma sociedade doente, em crise e dividida porque não tem o diagnóstico correto para a melhoria da qualidade do ensino.
Em seu artigo na Folha de São Paulo (25/03/2007) Antonio Ermírio de Moraes parabeniza o governo federal ao lançar o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) em que o governo federal pôs o dedo na ferida que o mais urgente é melhorar a qualidade do ensino básico. Não basta que a escola ensine; é preciso que o aluno aprenda.
O PDE contém medidas para manter os professores atualizados e mais bem remunerados, prevê recursos para melhorar os equipamentos escolares, eletrificação, informatização e material didático de boa qualidade.
Sabemos que pelo menos nos palanques dos políticos, a educação é prioridade nacional, mas e depois? As aparências enganam, muitas pessoas parecem exatamente o contrário do que são, e o pior: todo mundo acredita. É preciso prestar a maior atenção às pessoas e não acreditar no que elas parecem ser nem no que dizem. Com os políticos (não são todos, mas é a grande maioria) é fundamental estar com os olhos e ouvidos bem abertos. Eles são os donos da verdade, guardiões da honestidade e da pureza.
O PDE, de acordo com o Professor emérito da Universidade de Campinas Dermeval Saviani, está embasado em uma “pedagogia de resultados, segue uma lógica de mercado” entrevista Folha de São Paulo, 29 de abril de 2007 – O ensino de resultados – que diz que precisamos reverberar-se dentro da sala de aula, onde o piso salarial de R$ 850,00 por 40 h/a é insatisfatório e que está sujeito a uma implantação progressiva que se estenderá até 2010. Não basta fixar um piso salarial mais elevado, sendo que a questão principal diz respeito à carreira profissional dos professores, e o PDE não contemplou essa problemática, essa carreira teria que estabelecer a jornada integral em uma única escola e os profissionais da educação precisam de uma remuneração à altura da importância do papel que desempenham na sociedade.
Continuarão correndo de escola em escola, fazendo dupla jornada, para terem um “salário digno” para a sobrevivência. Continuarão nessa sociedade onde cada dia que passa descobre que há políticos, ministros, desembargadores corruptos, onde um ex.governador ganha uma aposentadoria de mais ou menos de R$ 11.000,00(ONZE MIL REAIS), (por assumir o estado por 40 dias na ausência do governador), onde os da educação e muitos outros, só aposentam após 50, 55, 60 anos de idade, mas precisam ter também o tempo de contribuição, 25, 30 35 anos, com um salário de R$ 1.500,00, 1.720,00, e olhe lá se chegar a isso. Que pena, são somente professores, não têm prioridades e nem reconhecimento. Trabalham em escolas onde o ventilador não é suficiente para esse nosso calor de 30, 35, 40 graus, salas com 40, 45, 50 alunos.
É a Educação prioridade nacional? Mentira! Não é. Os professores são mal remunerados. É bacana anunciar que num futuro próximo todos os alunos vão ter computadores, mas antes disso precisa consertar o teto das escolas, arrumar as instalações elétricas, oferecer qualidade de vida profissional aos professores, subsidiar os professores, alunos e escolas com equipamentos, oferecer segurança para poderem trabalhar com tranqüilidade, ensinando os alunos a ler, escrever, somar e subtrair. Ah! Ensinam também valores sociais, morais, religiosos, éticos, familiares, pois a família contemporânea não tem tempo para ensinar os seus dois, três filhos, mas os professores, ensinam 40 alunos.
Pois, de acordo com Rui Antonio de Souza, Revista Mundo Jovem (março, 2007) “a baixa escolaridade é uma das maiores causas da pobreza no Brasil. A educação universalizada, acessível a todos e de qualidade, é uma das portas de saída da pobreza”.
É hora de investir nos Projetos Pedagógicos, na infra-estrutura das escolas, na valorização do professor em melhores salários que impedirá o educador de precisar lecionar em três ou quatro escolas, sobrando tempo para que ele possa se envolver com pesquisas, buscar meios para melhorar os rendimentos avaliativos dos alunos, pois, uma educação de qualidade é o melhor instrumento disponível para eliminar a nossa desigualdade social.
Há muito que fazer. Transformar as escolas em ambientes estimulativos, onde os alunos tenham prazer de freqüentar, onde o próprio profissional da educação bem preparado possa acreditar na relevância do papel que desempenha na sociedade.
Continuar sonhando que a Educação um dia será realmente prioridade nacional na qualidade de ensino e valorização do profissional, que estados e municípios sejam merecedores e que realmente repassem o incentivo dando pelo governo federal as escolas, que os professores sejam realmente transformadores da educação social.
Lutar para que a disseminação na escola, de uma nova concepção de mundo exigirá uma mudança na própria postura do educador, frente à educação e que o seu papel como transmissor seja cada vez mais efetivo nas atividades ensino-aprendizagem, que a relação educador-educando seja o correspondente dessa mudança para uma educação de qualidade, pois a escola não pode ser totalmente negada em nossa sociedade.
Elza da Costa Castilho, mestre em Ciências da Educação, professora da Escola Estadual “André Avelino Ribeiro”, da Faculdade Afirmativo (Graduação e Pós-Graduação) e da Faculdade Católica “Dom Aquino” de Cuiabá
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