Um delegado linha dura e considerado "insensível" diante dos casos de polícia resolveu lançar o livro de poemas, denominado "Lavras do Rio Solidão". Trata de João Pessoa, que atua em Barra do Garças, cidade-pólo do Araguaia. Acompanhado da esposa Ariana, ele lançou o livro nesta quinta à noite. Ele comenta o prazer de explorar o que chama de “veia artística”. "Lavras do Rio Solidão", editado por Kelps, sob revisão de Adalberto Alves de Matos, é o segundo livro do delegado João Pessoa. O primeiro foi Seu primeiro livro foi Diálogo com o Tempo.

   Natural de Damolândia (GO), ele é policial desde 1990 na região do Vale do Araguaia. João diz que sempre teve vontade de escrever. Em princípio, confessa que acabou tendo receio de mostrar isso ao povo devido à função delegado de polícia, mas, com o tempo e com apoio da família e de colegas de profissão, decidiu promover até noite de autógrafo. “Algumas pessoas estranharam porque estão acostumadas a me ver prendendo ou interrogando pessoas, mas, por trás disso, eu tenho uma sensibilidade como muitos outros têm para cantar ou fazer outro tipo de dom artístico”, enfatiza o delegado.

    Alguns escritores do Araguaia, como Mário Miguez, Zélia Diniz e a dupla Eudes e Candinho, compareceram à noite de autógrafos do delegado-poeta que, aos 46 anos, planeja escrever um livro de romance. “A obra escrita por João Pessoa prova que é possível, mesmo sendo um policial linha dura, ter sensibilidade”, destaca a historiadora e escritora Zélia Diniz. (Ronaldo Couto, de Barra do Garças)