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Quinta-Feira, 11 de Janeiro de 2007, 08h:26 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:15
Falta política na segurança pública
"O problema da segurança não só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro", avalia o professor Alfredo da Mota Menezes, em artigo nesta quinta (11), em A Gazeta. Leia reprodução abaixo.
Se isso ocorrer, dá para alguém da política tocar essa complicada secretaria. Defendo que a segurança só vai melhorar no país quando deixar de ser caso de polícia para ser da política. É uma pena que o eleitor não possa condenar nas urnas os responsáveis pelo problema da segurança.
O problema da segurança não só em Mato Grosso, mas no Brasil inteiro é que não dá para enquadrá-la seguramente como afeta ao governo federal ou estadual. O eleitor não sabe quem é o culpado para que ele o fuzile com seu voto. Uma perna dela pertence aos governos estaduais. A outra ao federal, como tomar conta de fronteiras, armas e drogas.
Quando quiseram demonizar o Anthony Garotinho no Rio, ele imediatamente devolveu a culpa ao governo federal pelas armas e drogas que seu estado recebia. Conseguiu eleger ainda sua esposa. Acho que o maior problema da segurança no país é não saber quem é o verdadeiro responsável por ela.
Sempre volto a uma velha cantilena. Nos EUA a polícia é vinculada aos prefeitos. A questão da segurança o elege ou o derrota. O país praticamente já resolveu os problemas básicos da população. Dois assuntos dominam uma candidatura a prefeito: mais empregos e segurança.
Nova Orleans perdia somente para Washington em números de mortes por ano. A coisa estava feia para os prefeitos. Um dia mataram um turista na zona mais turística e segura da cidade. Foi um deus-nos-acuda. O prefeito da época viu que perderia a próxima eleição. Contratou um comandante da polícia de fora.
A primeira medida dele foi fazer voltar o orçamento para a Câmara municipal para uma mexida no dinheiro para a segurança. Foi um debate duro, mas saiu com mais recursos. Um ato político claro. A criminalidade diminuiu. O prefeito se reelegeu. O mais interessante é que o comandante da polícia foi mais tarde candidato a prefeito por causa de sua atuação na área. Tudo política.
No Brasil, já que não dá para o eleitor fuzilar nas urnas o mau gestor na área de segurança, a política poderia ser usada em outra direção. Dói perceber, por exemplo, que nunca houve um comando político que colocasse órgãos diferentes para trabalharem em conjunto. Só agora, de forma tímida, se inicia a união de esforços no Sudeste do país. Foi um ato político que levou àquilo.
Será que um trabalho conjunto e coordenado politicamente, com mais recursos, não consegue enfrentar o crime? Se não conseguir seria a falência de uma sociedade organizada.
Como exemplo desse desentrosamento a TV mostrou outro dia uma entrevista com um entendido em segurança. Dizia que a Polícia Federal, que poderia coordenar o serviço de inteligência sobre a segurança em geral, não tem ajudado no combate à violência nos grandes centros urbanos.
Que ela resolveu destinar tempo e recurso no combate à corrupção administrativa. Dizia que este trabalho é importante, mas que a Federal não mostra muita vontade de se meter no outro. É que não dá ibope, não atrai a mídia. Só a política poderia direcioná-la para esse trabalho.
Volto ao Brito. Se ele conseguir se entrosar com os seus comandados e, como tem ligação maior com o governador, poderia, quem sabe, melhorar o aparelhamento técnico e humano para essa área. Além disso, pode servir de intermediário junto à sociedade. A maioria dos secretários desse setor não gosta de se expor perante a opinião pública. Ganhar a opinião pública é uma atuação política.
O economista José Serra é considerado um dos melhores ministros da Saúde que o país teve. Com forte ligação pessoal com FHC, e como a pasta lhe foi destinada para ajudá-lo em sua futura candidatura à presidência, conseguiu fazer na área muito mais que qualquer outro. Sua atuação foi mais política.
Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos (pox@terra.com.br)
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