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Quarta-Feira, 19 de Setembro de 2007, 08h:50 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:16
Ler tudo ou não ler nada?
Nos últimos tempos venho enfrentando um dilema interno que, vá lá, vou agora compartilhar, quem sabe alguém me dá uma luz. Não sei o que ler para me manter informado. Ou melhor: não sei se leio tudo ou se não leio nada. É que a imprensa, de um lado ou de outro, está de tal modo comprometida econômica e politicamente que nunca se sabe onde está a informação (e ela está?) e onde está a desinformação.
Há muito venho me cansando da imprensa que desbragadamente malha Lula e seu PT, como se fossem a fonte de todos os males brasileiros, inventores da corrupção, mas que deixa de oferecer aos leitores o contraponto representado por alguns avanços sociais importantes e evidentes, pela manutenção da estabilidade econômica e por outros fatos positivos. Afinal, algo de bom tem que ter. Então, com a Veja devidamente ‘desassinada’, procurei tomar distância da dita imprensa tucana (me permita, Roberto Jefferson). Quis ver o que ocorre atrás do muro midiático que me irritou, o outro lado da moeda, enfim, a quantas anda a imprensa não FHC.
Porca miséria. Só encontrei a imprensa lulista (com sua licença, Digo Mainardi). Nada que não deixe marcante a indesejável, sufocante, irritante, enojante, sensação de que desse lado também o único intento é manipular, incutir, induzir, tudo, menos simplesmente informar. Se de lá somente o podre é mostrado, sem qualquer preocupação ética em reconhecer e também permitir acesso ao que é positivo -exatamente como faziam os petistas pré-poder-, de cá mudam os artistas (no mais das vezes, no pior sentido da palavra), mas o enredo é exatamente o mesmo, com algumas, porém insignificantes, adaptações.
Vá lá que hoje, ao contrário da era tucana, a maioria da imprensa é antigovernista. A que sobrou, no entanto, não se dá ao respeito. Está comprometida demais, até os ossos e bolsos, em corroborar tudo que seja dito pelos lados do Planalto, em reafirmar que ‘nunca na história deste país’ fomos tão felizes. E aí comete até o absurdo de defender a canalha parlamentar que absolveu Renan Calheiros. Cheguei a ler no blog de Paulo Henrique Amorim, agora lulista de carteirinha, que Renan teria sido levado a seu calvário, entre outras razões também implausíveis, por ser mais um nordestino que estaria incomodando a elite paulistana, a exemplo do presidente da República. Desonestidade pura.
Para essa imprensa, que nem de longe é a ‘alternativa’ que eu buscava, tudo que a oposição e seus jornais e revistas digam contra os interesses governistas é manifesta declaração golpista. Se dizem que Lula falhou, é golpe. Se não tecem loas aos feitos de Lula, é golpe. Se mostram que o governo se mobilizou para salvar Renan, é golpe. Se criticam a CPMF, é golpe. Se criticam Chavez e/ou Morales, é golpe. Então tá, estou atordoado.
A opção seria não ler mais nada das ‘informações’ jornalísticas, nem de um lado, nem de outro. Nem ver televisão. Nem internet. Blogs, vade retro. Acho que seria mais saudável.
Mas vocês acham que é fácil lagar o vício?
José Renato de Oliveira Silva é Advogado e professor de Direito da UNEMAT (zerenatoadv@hotmail.com)
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