Ex-presidente Lutero Ponce dispara críticas ao sucessor Deucimar Silva; sobram farpas até para Riva
Fotos: Josinei Moreira

  O ex-presidente da Câmara de Cuiabá, Lutero Ponce (PMDB), mudou de estratégia e foi à trincheira “metralhar” seu sucessor, Deucimar Silva (PP), na esperança de desacreditar o progressista e, assim, tirar de si o foco das investigações por suposto rombo de R$ 7,5 milhões. Em meio ao clima de “guerra” sobrou até mesmo para o presidente da Assembleia, José Riva, e para o deputado federal Pedro Henry. “Eles respondem a um monte de processos e estão no cargo. Sequer são investigados por seus colegas. O Riva está até afastado da presidência e eu, que nem fui denunciado, já passo por tudo isso”, disparou Lutero da tribuna. O parlamentar responde a processo interno no Legislativo e corre o risco de ser cassado.

  O peemedebista se diz injustiçado. Afirmou mais uma vez que tudo o que está acontecendo não passa de uma “armação” de Deucimar contra ele e que a Delegacia Fazendária foi induzida ao erro. “Eu não cometi nenhum tipo de irregularidade. A minha administração foi coerente e praticamente tudo o que tem nessa Casa foi feito por mim. Já Deucimar não fez nada”, cutucou Lutero, durante entrevista a imprensa, quando apresentou um relatório com supostas irregularidades cometidas por Deucimar desde janeiro deste ano. “Vou denunciá-lo para a Polícia Federal, Ministério Público e para o Tribunal de Contas”, ameaçou.

  Entre as irregularidades apontadas pelo peemedebista está o pagamento de duas notas no valor de R$ 58,8 mil e R$ 61 mil à empresa Espaço Painel, responsável pela confecção de outdoors. Ele questiona também a contratação de serviços da ordem de R$ 20 mil para custear um jantar para membros da Comissão de Constituição e Justiça, durante o encontra nacional das CCJs. “Quero saber onde estão todos esses outdoors”, reclamou Lutero. De posse de um relatório obtido por meio do sistema Aplic do Tribunal de Contas, onde são divulgados todos os gastos dos órgãos públicos, Lutero questionou também a contratação da empresa Pausa Nobre, que fornece o café da manhã ao Legislativo. “Foram pagos R$ 69 mil. Um absurdo de caro. Na minha época não gastávamos nem R$ 2 mil mensais”, cutuca Lutero.

  O café da manhã foi o principal item questionado pela auditoria feita nas contas do ex-presidente. Segundo o levantamento da auditoria, o gasto chegou a R$ 15 mil com suco de frutas, R$ 17 mil com guardanapos, R$ 34 mil com biscoitos, R$ 30 mil com pó de café e R$ 21 mil com chá. O resultado da auditoria da Câmara foi divulgada em maio deste ano e revelou gastos, no mínimo, incompatíveis com as atividades do parlamento, como R$ 100 mil em copos descartáveis e R$ 300 mil com material de copa. “Essas acusações são infundadas. O senhor não tem moral para falar nada, porque o senhor já está chegando em Rondonópolis”, reclamou, numa referência ao número de processos e denúncias contra Lutero.

  Irritado com as acusações de Lutero, Deucimar disse que não tem motivos para esconder nada e que todos os dados questionados por ele estão disponíveis para que qualquer pessoa veja. “Somos transparentes. Tudo o que gastamos está dentro da lei”, disse Deucimar. Ao ser questionado por Lutero sobre a falta de declaração de R$ 1 milhão em gastos, o progressista foi taxativo. “Não declarei porque não gastei. Estão no caixa desta Casa”, afirmou Deucimar, pouco antes de chamar Lutero de incompetente.

  O progressista confirmou os gastos com publicidade e com o jantar para a CCJ. “Todos os vereadores foram convidados para participar do evento. Era algo nacional e de interesse de todos. Até mesmo Lutero foi convidado”, justifica Deucimar. Na ótica do presidente da Câmara, as acusações de Lutero sã uma estratégia para mudar o foco. “Como mostrei vários documentos durante o meu depoimento, ele (Lutero) resolveu mudar de estratégia”, afirmou. (Patrícia Sanches)