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Sexta-Feira, 04 de Janeiro de 2008, 07h:59 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:19
MT: berço das águas?
Os cerrados e as matas, inclusive das Furnas, foram derrubadas impiedosamente, sem nenhum limite de preservação. Na estupidez da monocultura de soja, desmatando tudo, até nascentes e matas ciliares. Neste território estão as nascentes dos rios Araguaia e Taquari, aproximando a segunda e terceira maiores bacias do planeta: a Bacia Platina e do Araguaia - Tocantins, na Serra das Araras em Alto Araguaia, divisa de MT com Goiás (altura de Mineiros). O Araguaia principal formador do rio Tocantins, nascendo em uma região hoje extremamente fragilizada, percorrendo 2.600 quilômetros até Marabá. Alto Taquari hoje é município, desmembrado de Alto Araguaia. Ao norte temos os afluentes do Araguaia, e ao sul os afluentes do rio Taquari, tributário do rio Paraguai. Este se junta aos rios Paraná e Uruguai, formando a Bacia do Prata, segunda maior do planeta.
Esta região do Araguaia era muito rica em diversidade de fauna e flora, tinha inclusive grande quantidade de cervos, hoje só na memória. As águas do Alto Taquari escoam para o Pantanal. De Barra do Garças, subindo o rio Araguaia, temos de há muito áreas já identificadas como em desertificação. Na Chapada dos Parecis (estrada de Juína) a destruição ambiental imposta formaria capoeira só em 30 anos! Desde a Chapada de São Vicente, é esta mesma violência sobre o rio das Mortes, onde vemos lavouras de soja desmatando até a beira do rio, destruindo toda mata ciliar.
Uma freqüente equação é o uso das terras no máximo por 10 anos, expropriação máxima do solo, alta capitalização, destruição de nascentes, grandes voçorocas. Sem o húmus da terra, procuram outro lugar, vendendo e abandonando por não ter mais rentabilidade. Isto pode ser visto no rios Arinos e Teles Pires. Neste cenário acumulado de violência ambiental, a situação do Alto Taquari-Araguaia, é de extrema fragilidade, com suas águas, solos, ictiofauna, nascentes, comprometidos pela derrubada e ocupação sem limites. Uma ocupação de abutres, que tiram seiva do solo, retirando-se depois para outras áreas em busca de lucro rápido, não importando a destruição da natureza.
Passei também parte da minha infância em Alto Paraguai, quando já conheci suas águas barrentas, por intervenções humanas descontroladas, que ameaçam hoje sua nascente.É preciso colocar as monoculturas em seu devido lugar. O cerrado está por um fio, na economia em que só o mercado tem lugar. A área amazônica sucumbe frente à gana de lucro. A bancada ruralista também de MT quer ampliar extensamente os limites de desmate, dai o objetivo de retirada do nosso estado da Amazônia Legal,para desmatar e queimar o máximo que for possível. Defendem ostensivamente que não existi trabalho escravo em MT e que as nações indígenas tem terras demais. Que os remanescentes de quilombo não tem direito a reconquista das suas terras. Hoje, a continuação desde Alto Taquari-Araguaia de distilarias com imensos canaviais na força da monocultura. Minha terra não tem palmeiras, nem buritis nem acuris. Tem produção a qualquer preço. Tem monocultura, miséria, fome e destruição ambiental!
Waldir Bertúlio é médico sanitarista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso.
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