Fernando Ordakowski

Ivan Evangelista (PPS), que se absteve de votar da primeira vez, agora sai de licença e, assim, não estará presente à sessão, quando vai ser apreciado um novo pedido de abertura de processo contra Lutero Ponce

  O vereador de quarto mandato Ivan Evangelista (PPS) ingressou com pedido de licença da Câmara por um período de 10 dias. Alega problemas de saúde, mas, no fundo, sua intenção é outra. Ele não quer se indispor com o ex-presidente da Câmara de Cuiabá, Lutero Ponce (PMDB), com quem supostamente "tem rabo preso".

   De um lado, o parlamentar se vê acuado pela direção estadual do PPS, que tenta enquadrá-lo para votar pela cassação de Lutero, acusado de promover um rombo superior a R$ 7,5 milhões nos cofres da Câmara durante os dois anos de gestão, de 2007 a 2008. De outro, Ivan teme seguir orientação partidária e vir a sofrer represália do ex-presidente, já que este pode abrir a chamada caixa-preta sobre acordos espúrios envolvendo vereadores. A alternativa encontrava por Ivan foi pedir licença. Como o prazo é curto, nenhum suplente pode ocupar sua cadeira temporariamente. Se fosse superior a três meses, a vaga ficaria com o petebista Dilemário Alencar, que já atuou como vereador e não conseguiu se eleger nas urnas do ano passado.

   Ivan Evangelista, que iniciou sua trajetória política no PT e conquistou o quarto mandato no ano passado com 4.145 votos, é o único da bancada do PPS no Legislativo cuiabano. Numa reunião com a direção estadual, sob Percival Muniz, ele foi "intimado" a votar pela cassação de Lutero. A tendência é que um novo pedido nesse sentido entre na pauta na sessão da próxima semana, quando Ivan estará de licença. Da primeira vez, quando a Mesa Diretora colocou em votação na mesma sessão quatro pedidos para abertura de processo contra o peemedebista, Ivan se absteve. A maioria dos parlamentares rejeitou as propostas. Agora, depois que a Delegacia Fazendária entrou em ação, descobriu desfalques financeiros na gestão Lutero, o indiciou e pediu sua prisão, alguns vereadores sinalizam para votar pela cassação.

   A exemplo de Ivan Evangelista, os vereadores Lueci Ramos (PSDB) e Chico 2000 são aliados de Lutero. Com quatro vereadores, o PSDB, sob orientação do prefeito Santos, já decidiu que votará pela cassação. O problema agora será convencer Lueci a seguir orientação partidária. Ela já adiantou que é amiga do peemedebista e que não deve contrariá-lo. Chico 2000 é outro que, segundo comentários nos bastidores, deve favores ao ex-presidente da Câmara e, por conta disso, resiste à tese da cassação. O petista Lúdio Cabral também entra no rol de protegidos de Lutero, mas no seu caso, deve aprovar pedido de cassação devido a pressão do PT. Ralf Leite (PRTB), outro vereador envolvido em escândalo, ora comenta que está com Lutero, ora admite aprovar o pedido de abertura de processo para investigar o colega. 

(17h37) - Ivan diz que mesmo sob atestado, estará presente às próximas sessões

   O vereador Ivan Evangelista informa que solicitou licença de 10 dias à Câmara de Cuiabá devido à necessidade de realizar exames médicos, que coincidiam com o horário da sessão desta quinta (2). Mesmo assim, ele já se submeteu a todos os exames necessários e estará presente à sessão da próxima terça.  O socialista ressalta também que não faz parte da "turma do Lutero" e que não há qualquer determinação do diretório regional do partido sobre o processo que pede a cassação do ex-presidente do Legislativo cuiabano, vereador Lutero Ponce (PMDB). Segundo Ivan, o partido sequer discutiu o assunto.