A crise econômica mundial que chegou a Mato Grosso não está afetando apenas os municípios menores. Várzea Grande, por exemplo, já acumula uma queda de mais de R$ 7 milhões na arrecadação, o que representa pelo menos R$ 1 milhão a menos por ano. Com medo de ultrapassar o limite de 54% de gastos com folha salarial, contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal, o prefeito Murilo Domingos (PR) ordenou “corte de pessoal”. Pelo menos 400 servidores já foram mandados embora e outros ainda podem perder o emprego. “Tivemos uma forte queda na arrecadação e, por isso, alguns ajustes estão sendo feitos”, conta o secretário de Comunicação e Governo, Jeverson Missias.  

   A preocupação do republicano não é em vão, isso porque, caso ele desrespeite a LRF, corre o risco de ser punido pelo Tribunal de Contas do Estado. Desde que assumiu a prefeitura, Murilo só “pipocou” uma vez, em 2006. Devido ao excesso da folha de pagamento, o prefeito teve as contas rejeitadas pelo TCE. Com 6.195 servidores, a Prefeitura de Várzea Grande gastou 55,5% de suas receitas com o quadro de pessoal, chegando a R$ 172 milhões. À época, o então relator do processo, conselheiro e presidente do TCE, Antônio Joaquim, não perdoou a falha e emitiu parecer contra a aprovação do balancete – veja mais aqui. Em 2005, Várzea Grande chegou a ter 6.142 servidores. Agora, conta com mais de 5.600 entre efetivos, comissionados e contratados.

  Além do “corte” de servidores, o prefeito ordenou que 30% do orçamento de R$ 306 milhões seja contigenciado. “Estamos mantendo integralmente os serviços prestados pela área de saúde, educação, limpeza da cidade, obras do PAC. Já outros serviços foram paralisados”, explica Missias.

  Apesar das medidas para se adequar à queda na arrecadação, o secretário de Governo comemora o fato da administração ter pago nesta quinta (30), pela 59º vez, o salário dentro do próprio mês. Apesar de ter até o quinto dia útil para efetuar o pagamento dos mais de 5.600 servidores, Murilo tem pago os subsídios mensais dentro do prazo. “Desde 2005, estamos pagando antecipadamente os salários. Mesmo com a crise estamos mantendo os nossos compromissos em dia”, ressalta Missias. (Patrícia Sanches)