Alline Marques, enviada especial a Brasília

  A reunião em Brasília dos prefeitos com a bancada federal de Mato Grosso tinha tudo para acabar em um bate-papo se não fosse um fato inusitado, que provocou risos e deixou o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), numa saia-justa. Enquanto os gestores se prendiam às discussões referentes à reforma tributária, Santos resolveu quebrar o protocolo e pegou o microfone para falar fora de sua vez.: "Gostaria de agradecer ao deputado Carlos Abicalil (PT) pela indisposição para disputar a Prefeitura de Cuiabá", comentou. Insinuou que, contra o petista, teria um páreo duro na luta pela reeleição. Lembrou que nas eleições de 2006, Abicalil conquistou mais de 34 mil votos somente na capital.

   O tirou acabou saindo pela culatra. Os comentários do prefeito surgiram como provocação ao petista. Em resposta, o deputado disse: "Este mal tem cura prefeito". A partir daí, Santos preferiu o silêncio a abrir a boca. Apenas deu um sorriso sem graça.

  Reforma tributária

  Durante a reunião, os prefeitos mato-grossenses pediram para que o Legislativo olhasse com carinho a PEC-233/08, referente à reforma administrativa, na hora de votá-la. A proposta prevê aumento do repasse aos municípios determinado pela arrecadação. Atualmente, o executivo municipal recebe 16% dos encargos tributários. Caso seja aprovada a reforma, o repasse deverá subir para 23%.

  A bancada concorda com os prefeitos e vai trabalhar para levar mais recursos às cidades mato-grossenses. O senador Jaime Campos (DEM) diz que é "mais do que justa", já que os problemas iniciam nos municípios e eles precisam ter autonomia para resolvê-los. "Sou um municipalista de carterinha e acho um absurdo a União receber 60% da arrecadação se os problemas são gerados nas cidades", argumenta.