Um estudo realizado pela secretaria estadual de Meio Ambiente e pelo Ibama revela que a maioria dos peixes do rio Paraguai já desovou. O relatório será utilizado como base pela Justiça que decidirá nos próximos dias se mantém ou não a decisão do juiz federal de Cáceres, Raphael Cazalli, que prorrogou por 30 dias o prazo da piracema no rio Paraguai e em seus cinco afluentes (Cabaçal, Jauru, Sepotuba, Padre Inácio e Formosa). Se a decisão for mantida, a pesca fica proíbida até 31 de março. O juiz se baseou no fato do rio estar abaixo do nível esperado, o que dificulta a desova dos peixes. Segundo a decisão, seriam necessários mais 30 dias para que todo o processo reprodutivo termine. O relatório técnico finalizado nesta segunda (16)  compara dados da piracema deste ano com a de 2008 e revela que a maioria dos peixes já terminou o ciclo de desova. "A maioria das espécies já desovou.A prorrogação não é necessária. O "tendão de aquiles" está nas áreas alagadas e elas são pequenas", afirma o chefe de recursos pesqueiros do Ibama, Cesar Soares.

   Em 5 de março, centenas de pessoas bloquearam a BR-070, na cabeceira da ponte Marechal Rondon, única via de acesso terrestre de Mato Grosso aos Estados Amazônicos, para protestar contra a decisão do juiz.. O protesto durou quase duas horas e reuniu empresários, pescadores e políticos de Cáceres, uma das cidades mais afetadas pela piracema estendida. Na cidade, há pelo menos 620 pescadores, além da região viver da pesca turísca. Segundo o presidente da Associação Ambientalista, Cairo Bernadino, o prejuízo pode chegar a R$ 13,2 milhões se a piracema continuar até o final do mês.  Ao todo, são cerca de 3 mil pessoas desempregadas, entre pescadores, piloteiros, tripulantes e funcionários de barcos e embarcações, as chamadas chalanas - confira mais aqui.  Para a bióloga Carolina Joana Silva, o que causou tanta polêmica foi o fato da decisão ter sido tomada de maneira abrupta. "Ninguém estava preparado para isso", pondera. (Patrícia Sanches)

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