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Quinta-Feira, 04 de Janeiro de 2007, 06h:48 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:15
Que ninguém nos roube...
Confira.
Que ninguém nos roube o pouco que fizemos. Que ninguém diga que não estivemos lá.Que possamos, sem medo de contar, dizer aos nossos filhos e netos que não nos escondemos, que não fechamos os olhos e calamos a boca quando o sinal fechou. Que nos seja permitido contar e cantar nossas tristes e derrotadas memórias para que o tempo, ao menos o tempo, nos honre. Não que queiramos medalhas; todavia, que nos dêem o direito de reviver nossas lutas inglórias. Se não as ganhamos, pelo menos as lutamos.
Que a aurora que brota no horizonte renove, em seu vermelho, nossa disposição para novas lutas. Que não nos conformemos nunca e que nossas bocas jamais percam a capacidade de gritar. Que não feneça o sonho de uma sociedade justa, mesmo que não tenhamos o privilégio de nela vivermos. Que a injustiça, a inveja e o ódio não façam morada em nossos corações. Que não habite em nós a mediocridade, mas que nossos olhos olhem como se sonhássemos sempre.
Assim eu imagino o mundo em duas ou três décadas: com mais árvores e menos desmatamentos; com mais rios despoluídos e menos devastação; com muita paz e sem violência; sem força do dinheiro e que a solidariedade nasça com as crianças; que palavras como analfabetismo, preconceito, desnutrição, corrupção, fome, racismo, miséria e desigualdade estejam condenadas ao silêncio dos dicionários. Que todos possam andar de cabeças erguidas e as mesas sejam fartas por igual.
Impossível que a impassibilidade e a indiferença ainda continuem a ter abrigo no coração humano. É necessário que façamos dias mais completos para todos. A sociedade nova virá através das nossas ações, por pequenas que sejam; todavia constantes. Que os sonhadores que ainda restam se transformem em arautos das verdades negadas pelos poderosos e opressores. Que possamos usar a liberdade conquistada na luta contra as baionetas e calabouços para suplantarmos as mentiras, as demagogias e a tirania do capital.
E que ninguém nos roube a capacidade de nos indignarmos e que continuemos doces e singelos como as criancinhas porque, como nos ensinaram Leon Gieco e Raul Elwanger nas vozes de Mercedes e Beth Carvalho: “Eu só peço a Deus que a dor não me seja indiferente, que a morte não me encontre um dia solitário sem ter feito o que eu queria. Eu só peço a Deus Que a injustiça não me seja indiferente, pois não posso dar a outra face se já fui machucado brutalmente. Eu só peço a Deus que a guerra não me seja indiferente, é um monstro grande e pisa forte toda pobre inocência desta gente. Eu só peço a Deus que a mentira não me seja indiferente, se um só traidor tem mais poder que um povo; que este povo não esqueça facilmente. Eu só peço a Deus Que o futuro não me seja indiferente, sem ter que fugir desenganado pra viver uma cultura diferente.”
Sérgio Cintra é professor e diretor executivo da FUNEC (sergiocintra@terra.com.br)
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