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Quarta-Feira, 05 de Dezembro de 2007, 08h:34 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:19
Responsabilidade no trânsito: dever de todos
Só quem já perdeu um ser amado por irresponsabilidade no trânsito, sabe o que isso significa. Perdi muitas pessoas queridas desse modo. Amigos e colegas de trabalho. Vi a dor das famílias e senti também o que é a perda.
Tão logo foi publicado o artigo que escrevi sobre a morte dos dois jovens em Poconé, motivada por atropelamento, recebi muitos e-mails, na grande maioria de pessoas contrárias ao meu posicionamento, questionando inclusive quantos de nós já não dirigimos mesmo com sono, ou após uma dose de bebida e coisas desse tipo.
Para sintetizar a situação, essas pessoas são contrárias à minha posição e sugerem que deve haver uma compreensão com relação ao fato, no sentido de tentar compreender o motorista que causou o acidente, sob o ponto de vista de ser humano, que comete erros.
É óbvio que todos nós cometemos erros, isso é da essência humana, porém é óbvio também, que devemos ter consciência de que, justamente por isso, devemos ser prudentes, humildes, cautelosos e responsáveis no que concerne à nossa convivência social e quando estamos dirigindo um carro, pilotando um barco e coisas assim. Sabem por quê? Porque nossos erros ou falhas podem ser fatais para outras pessoas. Só isso já é motivo suficiente para sermos responsáveis.
Essas pessoas que discordam de minha opinião - embora a respeitem no que concerne à legalidade de meus argumentos - buscam um julgamento respaldado no “errar é humano” e na aceitação dessa fraqueza.
Entendo que o motorista do veículo que atropelou os jovens tenha amigos e que estes vejam o lado pessoal dele, no entanto, o emocional não pode se sobrepor à realidade dos fatos. A frase “a lei é dura, mas é lei”, mostra que devemos observar os preceitos jurídicos, pois vivemos em sociedade, não somos uma ilha e o nosso direito termina, onde começa o do outro.
A sociedade deve se pautar pela atuação séria da Justiça e cabe-nos pensar que um fato como esse de Poconé, poderia acontecer a qualquer um de nós. Aí então, talvez essas pessoas pensassem diferente.
Assistimos todos os dias, a movimentos, ações, matérias na imprensa, que tratam dessa questão. Educação no trânsito, não depende de cultura ou aprendizado simplesmente, mas também e principalmente, de princípios que recebemos no nosso ambiente familiar. Respeitar o próximo e seus direitos é questão de consciência, uma postura que deve ser a prática de nossas vidas, em todos os sentidos. Sem isso, corremos o risco de fazer deste mundo, um lugar cada vez mais difícil.
A impunidade gera violência e incentiva a irresponsabilidade. Temos visto isso todos os dias e nem precisamos sair de nossas casas.
A essas pessoas que discordam de meu posicionamento, gostaria de sugerir que escrevam sobre o assunto e mostrem suas opiniões e suas razões. Isso é liberdade de expressão e todos podem exercê-la. Porém, se não o fizerem, deixem de me mandar e-mails alegando que as falhas humanas, que podem realmente acontecer a qualquer um, justifiquem uma situação definitiva e inexoravelmente consolidada. O fato é que, deixar de prestar socorro às vítimas já é motivo suficiente para que saibamos o nível de responsabilidade do causador do acidente, ainda que sob temor à Lei.
Não importa o que digam. Esses dois jovens se foram e suas famílias jamais os terão de volta. Quem sobreviveu, por outro lado, pode contar a história a seu modo e ainda por cima, contar com o apoio de amigos que, certamente, não estão sentindo a dor dos que perderam seus filhos e netos, que estão silentes em seu sofrimento e sem defesas tão ardentes.
Há uma verdade inarredável em tudo isso e que não se pode apagar: somos responsáveis pelos atos que praticamos e deles, hoje ou amanhã, teremos que prestar contas.
Oriana Paes de Barros é procuradora federal aposentada e pecuarista
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