A senadora Serys Marly (PT) resolveu voltar às origens, motivadas por um projeto de sua autoria e que vem ganhando repercussão nacional. Ela está neste momento sentada num dos bancos da praça Alencastro, em Cuiabá, travando diálogo com cerca de 400 vigilantes. Eles estão em greve e mobilizados por reposição salarial e melhores condições de trabalho. Hoje um vigilante em Mato Grosso recebe R$ 500 brutos mensais, metade da média nacional. Já o vale-alimentação fica em torno de R$ 50. Eles reclamam também da carga excessiva de trabalho.

   Serys apresentou um projeto que assegura aos vigilantes o direito a um adicional de periculosidade de 35%. A proposta busca garantir uma compensação monetária ao empregado que enfrenta no cotidiano do trabalho risco de morte por causa da relação de trabalho. Acontece que a atual legislação só reconhece o direito daqueles que trabalham com substâncias inflamáveis e explosivas e dos empregados no setor elétrico. Pelo projeto da petista, o benefício deve se estender também à categoria dos vigilantes.

   Ela se empolgou com a proposta. Recebeu cerca de 5 mil e-mails de pessoas de todo o país elogiando a iniciativa. Hoje com uma atuação light e "colada" no Palácio do Planalto, Serys está longe das bases. Não é mais aquela deputada estadual rebelde dos anos 90, que se mostrava combativa e que não hesitava em partir para o confronto com o governo. Sempre liderava os movimentos em defesa dos trabalhadores sem-terra, servidores públicos e outras categorias. Por isso, o retorno de Serys à praça nesta sexta acabou chamando atenção.