O diretor de Vigilância Sanitária e Ambiente da secretaria de Saúde de Cuiabá, Wagner Simplício, apresentou um relatório que aponta 639 irregularidades em todo o hospital Santa Casa de Misericórdia, mas os maiores problemas foram encontrados no Centro de Esterilização e também na lavanderia. O sanitarista afirmou que para a direção da Santa Casa, sob comando do médico Luis Felipe Sabóia, foi estabelecido o prazo de 72 horas, sendo que há pelo menos quatro anos o hospital vem sendo alertado sobre a necessidade de melhorias. “Há muito tempo acompanhamos o processo de melhoria. O último prazo terminou. Tudo é um processo de construção e se interditamos é porque chegou ao limite e tudo o que foi feito não foi o suficiente”, afirma Simplício.

   No relatório de irregularidades, os técnicos apontaram algumas reformas que só maquiaram os problemas, como pintura e até mesmo mesmo a construção de uma sala que mal comporta um equipamento. Para a Vigilância Sanitária, é inaceitável que se tenha porta única tanto para entrada de materiais cirúrgicos utilizados, quanto para a saída de objetos “limpos”. "Uma questão estrutural de suma importância e que se não for correta ameaça vidas, já que a possibilidade de infecção hospitalar é grande", diz Simplício. Ele também explica que os testes químicos e biológicos exigidos como procedimentos essenciais são realizados parcialmente. “O teste biológico não está sendo feito e o químico é realizado esporadicamente”, afirma o sanitarista.

    As máquinas do centro de esterilização e a lavanderia foram lacradas para garantir que o hospital não utilize os setores. Para a secretaria de Saúde o hospital pode manter o atendimento a pacientes tercerizando o serviço enquanto não realiza adaptações no espaço. Ocorre que o hospital reclama de falta de recursos e o atendimento deve ser prejudicado.

   A UTI da Santa Casa possui 30 leitos, sendo que 10 são destinados a pacientes adultos, 10 para a área pediátrica e a mesma quantia para atendimento neonatal. Mas Simplício alerta que Sabóia ameaça fechar gradativamente a unidade. Segundo o sanitarista, o diretor-presidente do hospital protocolou um documento no último dia 24 junto à secretaria de Saúde declarando que não tem mais condições de manter a UTI e que, portanto, iria fechá-la, conforme os pacientes deixassem o hospital. Sabóia acusa a prefeitura de não repassar recursos do Sistema Único de Saúde para a unidade hospitalar.

      Guerra

    O diretor-presidente da Santa Casa, Luis Sabóia, prefere negar as irregularidades e até mesmo direcionar a culpa da interdição para o secretário municipal de Saúde, confirmando a desavença entre o ele e o gestor da pasta, Luiz Soares. Na visão da Vigilância Sanitária, a interdição só aconteceu por ausência de cumprimento de ações técnicas e que podem ser resolvidas. "Poderiam ter sido cumpridas, o que evitaria todo esse transtorno", disse Simplício. (Simone Alves)