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Quinta-Feira, 01 de Novembro de 2007, 09h:30 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:19
Só na pressão
Lula e seus amigos estão sentindo na pele o que é negociar quando não se tem maioria no plenário. É dura a vida. Na Câmara, a base aliada deita e rola, mas no Senado a coisa é diferente: é gente mais sisuda, que sabe o peso que tem. E os senadores estão mostrando quanto valem. A tal ponto que causam até ciúme na oposição da outra Casa, que levou uma surra dos deputados da base, no caso da CPMF. Agora, até o tucano Antônio Carlos Pannunzio chora baixinho: "Se os senadores do PSDB acompanharem o governo na CPMF vão desmoralizar o partido".
Pannunzio se esquece que Política é assim. Não é simplesmente dizer não a tudo do governo. É saber tirar proveito da situação, conversar e realizar planos que o governo rejeita e a oposição deseja. O caso da CPMF é emblemático, até porque não é apenas a oposição de tucanos e democratas que quer mudar o quadro. Existe aí uma Frente Parlamentar da Saúde fazendo muito barulho e querendo tornar realidade a idéia de dar mais dinheiro para a tão sofrida área da saúde. A frase do deputado Pannunzio não tem o menor cabimento.
Deveria acontecer o mesmo em outras áreas, como a da infra-estrutura, que vai precisar de muita atenção e dinheiro nos próximos anos. Além do PAC, a pressão agora virá de fora do país. A Fifa vem aí com todos os olhos do mundo pra saber como andam as estradas, os portos, os aeroportos, os estádios, a segurança, o atendimento à saúde para o batalhão de gente que virá ao país nos meses de Copa, em 2014.
2014? Pois é, puseram o Brasil para planejar a longo prazo, o que não deixa de ser uma boa notícia. O país precisa disso. Precisa aprender a resolver os problemas não só quando eles não estão com prazo de validade vencido. Meio atropelados, meios irresponsáveis. Tem de cuidar da saúde, sim, como também do meio ambiente, da educação, do tráfico de drogas, do sistema de transportes. Só mesmo uma pressão como essa pode sacudir a burocracia e a vontade de fazer as coisas que precisam ser feitas.
E será na pressão que a Petrobras vai se interessar em explorar gás em seus campos, procurar outros e se livrar das chantagens bolivianas. O Brasil tem gás natural, mas a empresa estatal só tem se interessado pelo petróleo, a jóia da coroa. Mas o gás natural vem se tornando imprescindível nos grandes centros. O Congresso também só age sob pressão e é debaixo de pressão que vai aprovar aquilo de que o país precisa.
Aos poucos, a Saúde vai tendo o dinheiro necessário. A negociação leva a isso. Os pontos são contados a favor da oposição. Claro que hoje a CPMF é fundamental para o governo. O tempo provocou isso. Antes, o PT era visceralmente contra o imposto; os tucanos a favor, tanto que são seus criadores. Mas a contribuição foi além do esperado. Cresceu, inchou. Até mesmo pela renda da população, que aumentou de patamar. Pela fiscalização, pela entrada de mais gente no mercado consumidor.
A negociação serve para que, aos poucos, esse imposto vá se diluindo e se encontrem novas formas de cobrança, apesar de a CPMF ser o imposto ideal, que não precisa de papelada e burocracia - ele é cobrado direto na fonte. O PT não sabia disso, e gostou. Mas é um imposto que faz parte do Custo Brasil, onerando os produtos brasileiros no exterior. Ele precisa acabar, mas a conta-gotas.
Carlos Monforte é jornalista em Brasília e escreve em A Gazeta às quintas-feiras
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