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Terça-Feira, 07 de Agosto de 2007, 09h:37 | Atualizado: 26/12/2010, 12h:16
Tríade da popularidade
A política nacional também tem a sua tríade. Formada por um estancieiro, um médico e um ex-metalúrgico, que se destacaram no cenário político-eleitoral, e, em razão disso, tiveram seus nomes inscritos na história da política nacional, distanciando, assim, dos demais atores, não apenas por terem chefiado a administração pública federal, o último deles ainda está à sua frente, como presidente reeleito, mas sim porque caíram no gosto da população. Nem a morte sacou os dois primeiros dessa condição, tampouco as acusações de corrupção em seus governos, menos ainda os desacertos cometidos e até eram odiados por muitos brasileiros. Hoje, parece que Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek sempre foram fantásticos.
Tudo parece caminhar do mesmo modo para o ex-metalúrgico. Sua popularidade continua em alta, apesar do conjunto de crises que toma conta do país, amedrontando os brasileiros. Por mais que o caos aéreo tenha feito suas vítimas, e, pelo andar da carruagem, tem grandes chances ainda de subtrair outras tantas vidas, enviuvando e deixando órfãs dezenas de conterrâneas; assim como parte do dinheiro público permanece escoando para as contas bancárias de um sem-número de particulares. Nada muda o cenário de aceitação do presidente Lula da Silva. Ele se mantém ali, firme nos mais elevados índices de aprovação. Sua tática de desvencilhar do PT, tão-logo se soube das denúncias contra pessoas influentes do governo e com laços estreitos a agremiação petista, veiculadas pelos meios de comunicação, parece dar certo. E vem surtindo efeito favorável. Tanto que o grosso da população, sequer, acredita no envolvimento do presidente nos escândalos registrados. Prefere acreditar em contos de fadas, movidos pelo "não ver", "nada saber", "desconhecer" e, ainda por cima, "sentir-se traído"; além de aceitar, inclusive, a história de "armação política", tramada pelas "elites" e pela "mídia", cujo alvo maior não é outro senão Lula da Silva, que "trabalha incansavelmente" para "ajudar" a pobreza, via projetos sociais, em destaque o Bolsa Família, que atende cerca de 11,1 milhões de famílias.
Explicam-se, portanto, os altos índices das pesquisas. O Datafolha, por exemplo, nos dias 1 e 2 do corrente, fez o seguinte registro: 48% da população consideram o governo Lula da Silva bom e ótimo, enquanto o conceito ruim e péssimo chega a 15%, abaixo dois dígitos do índice registrado em outubro de 2006.
Isso significa que o presidente se mantém no "agrado" da imensa maioria dos brasileiros que, de acordo com os dados oficiais, constitui a fatia de 59,5%, com renda familiar até três salários mínimos (R$ 1.050,00). Ele também seduz uma parte pequena da classe média, sobretudo os que ganham com a boa situação econômica do país, favorecida pela estabilidade do mercado mundial; assim como igualmente atrai para si grandes empresários e banqueiros, justamente quem mais lucra com a política econômica adotada desde o governo FHC; muito embora se saiba que a sua popularidade despencou entre os que percebem acima de dez salários mínimos, bem como os mais escolarizados. Acontece que estes brasileiros constituem as parcelas menores do bolo social, não chegando a ameaçar a aceitação do ex-metalúrgico, que passa a fazer parte do grupo privilegiado de políticos do país, ao lado de Vargas e Juscelino, em razão do altíssimo índice de popularidade. Entretanto, cada um deles tem a sua particularidade, virtudes e defeitos, bem mais estes últimos que aqueles primeiros, talvez por privilegiar em demasia o aspecto oportunista e personalista em detrimento da perspectiva histórica, da mesma forma que atuaram os demais protagonistas do cenário político-eleitoral brasileiro.
Lourembergue Alves é professor da Unic e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos ( lou.alves@uol.com.br )
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