Endocardite é uma infecção no endocárdio, que é a camada de revestimento interno do coração. Normalmente, a doença ocorre quando uma bactéria ou germes de outra parte do corpo, como os da boca, se espalham pelo sistema sanguíneo, ligando-se a áreas afetadas do coração como indivíduos portadores de cardiopatias congênitas, valvopatia reumáticas, valvas calcificadas ou bicúspides, próteses valvares, dispositivos intracardíacos, sendo incomum em pessoas com coração saudável.

São essas válvulas cardíacas que podem mais usualmente ser infectadas por microrganismos. Se não for tratada, a doença poderá danificar ou destruí-las, trazendo complicações para o restante da vida e levando, em boa parte dos casos, à morte. Na maioria das vezes, a infecção é causada por uma bactéria, mas fungos ou outros microrganismos também podem ocasionar a doença.

Normalmente, o agente infeccioso entra na corrente sanguínea por meio de lesões na boca, especialmente gengivas e nos dentes não saudáveis e, ainda, em áreas com infecções, seja na pele, seja no intestino, ou até por meio de uma doença sexualmente transmissível.

A saúde bucal é uma parte importante de nossa saúde em geral, mas poucas pessoas sabem e dão a isso o seu devido valor. A boca é uma grande cavidade do corpo humano em contato com o mundo exterior. Por suas características e funções, é um local com muitos microrganismos, especialmente bactérias.

Quando se quebra o equilíbrio, podem surgir na boca as doenças periodontais. Em formas mais graves, essas lesões podem predispor à endocardite infecciosa. Esses sérios problemas da saúde do coração podem ser evitados com cuidados regulares de higiene e consultas periódicas ao dentista que, se forem negligenciados, chegarão ao extremo de colocar a vida em risco.

Em decorrência da alta mortalidade e da possibilidade de prevenção, a endocardite deve ser motivo de cuidados, pois, embora seja uma doença rara, quando ocorre, pode ser fatal.

Assim sendo, não devemos negligenciar os cuidados com a saúde bucal, devemos evitar hábitos nocivos, como fumar, usar drogas e beber em excesso e, ainda, buscar aconselhamento médico e odontológico preventivo ao longo da vida e desde a juventude.

Fábio Argenta é médico cardiologista, especialista em hipertensão arterial, em Clínica Médica e Medicina de Urgência, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso, representante do Estado no Departamento de Hipertensão Arterial da SBC e conselheiro e membro da Educação Médica Continuada do CRM-MT. Escreve quinzenalmente este espaço, com exclusividade.  Registros: CRM MT-4194 e RQE 2859. E-mail: fabio@mediodonto.com