Alegando estar “chateado” por ter ouvido boatos ao longo do dia sobre seu avô, o candidato à Prefeitura de Cuiabá Abílio Júnior (Pode) pediu desculpas a jornalistas, ao sair do debate na Fecomércio nesta terça (24), pelo tratamento ríspido em dois episódios seguidos em que foi questionado sobre corrupção. No dia anterior (23), Abílio já havia se alterado com a imprensa e, ao se desculpar, afirma que é “de carne e osso” e vive “uma série de estresses nos últimos dias”.

“Eu preciso retratar uma situação, eu estava muito chateado quando cheguei, porque alguns ataques que aconteceram em relação ao meu avô, mexeram muito comigo. Eu fiquei lá dentro refletindo muito sobre isso, não era necessário a gente entrar em confronto, mas a situação do meu avô mexeu muito comigo”, afirmou.

Ao chegar no debate, Abílio não quis responder perguntas da imprensa sobre o fato de levantar a bandeira contra a corrupção, enquanto conta com apoio de pessoas investigadas, réus e até condenado, em referência ao ex-prefeito Roberto França (Patriota) e o governador Mauro Mendes (DEM), que teve em sua gestão escândalo envolvendo ex-secretário-adjunto da Casa Civil, Wanderson de Jesus Nogueira.

Rogério Florentino/Olhar Direto

O vereador e candidato à Prefeitura de Cuiabá Abílio Júnior, no debate realizado pela Fecomércio na noite desta terça (24), após atacar jornalistas

O tom reativo de Abílio, frequente ao ser confrontado sobre possíveis incoerências, foi justificado pelo candidato que alega estar passando por “um ano muito difícil”. Após o pedido de desculpas, os jornalistas puderam refazer as perguntas ao candidato que falou sobre o apoio de Mauro.

“Não tenho compromisso nenhum com o governador, eu realmente não o conheço pessoalmente e estive com ele em uma única ocasião desde que ganhou o governo. Foi quando o procurei pedindo apoio do Marcelo Bussiki e do Gilberto Figueiredo. Com o governador, não converso (a ponto) de ter relacionamento político”.

Já sobre a contratação do marqueteiro Antero Paes de Barros, responsável pela campanha de Roberto França no primeiro turno, reforçou que precisa de doações para a campanha e que tem buscado parcerias, mas não entrou em detalhes sobre custos.

“Nós buscamos conselhos com aqueles que entendem um pouco de marketing político, mas que o custo dessas pessoas seria muito caro para estar junto com a gente. O Antero não está junto com a gente, ele está da seguinte forma: a gente pede conselho e tal, pergunta o que acha de fazer isso ou aquilo, ele responde, mas não está envolvido diretamente na campanha. Temos alguns amigos que preferiram que, até o momento, não fosse revelado o nome deles para evitar exposição pública e na prestação de contas estarão presentes”.

Ouça a entrevista de Abílio:

Distância da Coronel

Abílio também foi questionado sobre apoio da Coronel Fernanda, candidata ao Senado pelo Patriota, na eleição suplementar de 15 de novembro. Representantes da direita, o vereador afirma que conta com o apoio da militar (que teve mais de 293 mil votos, sendo 50 mil em Cuiabá), mesmo que a parceria não seja pública.

“Falei com a Coronel hoje, agradeci a intenção de voto dela. Ela está cuidando da prestação de contas após campanha eleitoral e explicou que está bastante ocupada com isso e falei que conto com o voto dela. Mas não pedi que ela participasse do processo e entendo a situação”, declarou.

Deixando de fora o deputado federal José Medeiros (Pode), um de seus cabos eleitorais, Abílio citou apenas outros dois apoiadores neste segundo turno. Medeiros foi concorrente da Coronel na disputa pelo Senado com quem chegou a trocar farpas.

“Nesta campanha, estamos trabalhando Abílio, Wellaton, Gisela Simona e (Marcelo) Bussiki. Os demais que quiserem manifestar apoio a nós, referenciar a intenção de votos, é normal e legítimo. Mas são esses que estão realmente trabalhando em nossa campanha”, pontuou.