SANTUÁRIO DOS ELEFANTES, DO SONHO À REALIDADE
Sábado, 18 de Agosto de 2018, 07h:16 | Atualizado: 19/08/2018, 08h:37
Equipe doa muito amor e força - conheça
Keka Werneck
Enviada especial ao Santuário dos Elefantes
Gilberto Leite

Scott é o diretor de operações do Santuário dos Elefantes, mas também dá alimentação e mais serviços na reserva por paixão e envolvimento com a causa
““Uma forte conexão surgiu (...) Faço o que manda meu coração, sigo minha paixão, e você pode fazer o que manda o seu, tudo é válido para salvar o planeta e transformá-lo em um lugar melhor de se viver, mas acontece que a maioria das pessoas que critica não faz nada””
Diretor de Operações Scott BlaisQuando tinha 13 anos de idade, o norte-americano Scott Blais, 45, sentiu uma paixão forte por animais marinhos, ao vê-los pela televisão. E foi seguindo este sentimento que conseguiu o primeiro emprego, longe de casa. Scott é de Auburn, uma cidadezinha de 23 mil habitantes no Maine, um dos 50 estados dos EUA, e mudou-se para um safári no Canadá, onde tinha muitos elefantes. “Uma forte conexão surgiu”, resume Scott, que dedica a vida a esses seres exóticos.
Ele é o diretor do Santuário dos Elefantes, na Chapada dos Guimarães, que fica a 110 km de Cuiabá. Muito, muito longe de Auburn, de familiares e amigos, mesmo assim sente-se grato por vivenciar a experiência e morar em um lugar que considera fantástico e cheio de paz.
São pessoas como ele que cuidam do santuário.
Scott Blais
Scott é especialista em elefantes. Com 15 anos começou a atuar na área, lidando com animais em cativeiro domesticados e que serviam de lazer para turistas, o que considera negativo. Mas também tinha um momento em que os acompanhava livres. Nesta época começou a se questionar por que não mantê-los somente em meio à natureza.
Gilberto Leite

Scott se apaixona por animais aos 13 e dedica a vida ao bem-estar deles
A primeira vez que o norte-americano foi acionado pela ONG Elephant Voices, em 2010, não tinha tempo livre para colaborar. Depois, em 2012, aceitou o convite para fazer estudo de viabilidade de um santuário no Brasil e em 2013 fundou, com parceiros, a Global Sanctuary for Elephants, o que viabilizou a vinda dele para o levantamento. Formou-se então um tripé entre a ElephantVoices, a Global Sanctuary for Elephants e o recém criado Santuário de Elefantes Brasil, em prol da causa.
Scott e a mulher, Kat, 44, moram em uma casa no santuário da Chapada, com cães, gatos, cavalo, galos e galinhas, em harmonia com um silêncio que dificilmente se quebra no lugar. Acorda cedo, dorme tarde, trabalha muito. É um braçal em boa parte do tempo. A maior recompensa dele é o por do sol maravilhoso. O maior sonho – que se tornou realidade - é fazer sua parte pelos elefantes.
Gilberto Leite

Bióloga Heivanice se diz encantada com projeto inovador e mudou-se de Garantã para lá
Questionado sobre o porquê de abraçar esta causa e não crianças órfãs, por exemplo, ou famílias pobres, ele é categórico. “Faço o que manda meu coração, sigo minha paixão. E você pode fazer o que manda o seu. Tudo é válido para salvar o planeta e transformá-lo em um lugar melhor de se viver. Mas acontece que a maioria das pessoas que critica não faz nada”, diz.
Heivanice
Descendente de alemães, a bióloga Heivanice Sehn, 28, de Guarantã do Norte, também está longe de casa. Ela conta que tomou contato com o projeto porque, a princípio, era para o santuário ser instalado em Guarantã. Mas lá, as áreas propícias não estavam regularizadas.
“Uau, que coisa linda, incrível”
Bióloga Heivanice SehnEla fazia inglês e Scott e a esposa Kat foram ao cursinho interagir, contar sobre o santuário. E quando saíram de lá, deixaram a bióloga encantada. “Meu inglês não era bom (continua não sendo – brinca) e queria saber um pouco mais do que eles falaram. Questionei meu professor e ele me deu detalhes. Ouvi tudo e falei: uau, que coisa linda, incrível!”
Ela começou a seguir o projeto nas redes sociais e se mudou para Colíder, onde trabalhou com resgate de fauna. Um dia recebeu a mensagem de que o santuário estava aceitando voluntários. Mas, naquele momento não poderia deixar o serviço já em andamento. Quando terminou, seis meses depois, Scott entrou em contato com e ela disse que estava disponível. Foi voluntária por quatro meses e, depois, contratada.
Ela mora faz 1 ano e meio em uma casa alugada pelo projeto na comunidade de Rio da Casca. Sente saudades de casa, dos familiares e dos amigos, mas o encantamento persiste.
“Maia e Guida surpreendem a gente todos os dias, me fizeram entender o quão inteligentes são, que são receptivas ou não, dependendo do que você faz, da sua reação e atitude. Têm uma memória incrível”, elogia.
Gilberto Leite

Veterinária Laura Paolillo, carioca, trabalha pesado para ajudar os elefantes a terem vida uma digna. Para ela, o mais importante é a saúde de Maia e Guida
Laura
A médica veterinária Laura Paolillo, que não conta a idade de jeito nenhum, estava de saco cheio no Rio de Janeiro lidando com animais domésticos. Tinha muitas críticas pelo apelo comercial do trabalho e, em um dia especialmente ruim na clínica, em que tinha enfrentado um cliente irritado, chegou em casa e uma pessoa que segue no twitter havia postado sobre um santuário para elefantes no Brasil. “Eu disse: isso não existe”.
“Sou extremamente empolgada. É um sonho poder lidar com elefantes (...) é maravilhoso o trabalho que fazemos, nunca, nenhum dia é igual”
Médica Veterinária Laura PaolilloLaura clicou no link, leu sobre o projeto e entrou em contato. “Pensei: vão achar que sou uma pessoa louca e nunca vão responder”. Mas, para supresa dela, houve uma troca de e-mails e uma sintonia entre as partes.
De animais de grande porte, só tinha experiência com cavalos. Além disso, não havia previsão de contratação. Porém, um tempo depois, foi chamada para uma entrevista pessoalmente e deu certo.
Há 2 anos, em outubro de 2016, na chegada de Maia e Guida, ela estava lá e aos prantos, ao lado de idealizadores do projeto ousado. Todos muito emocionados.
O marido se mudou com ela para uma casa dentro do santuário. Trabalhava com construção e agora usa o conhecimento na estruturação do santuário.
Laura ama o que faz. “Sou extremamente empolgada. É um sonho poder lidar com elefantes, baleias, golfinhos ou animais raros, é um sonho que eu tenho desde sempre”.
Ela é do tipo de veterinária que discorda de manter animais em zoológicos. “Não entro nem para passear, quanto mais para trabalhar”.
Só reclama do calor. “Gostaria de uma temperatura mais temperada, 18, 20 graus. Mas é maravilhoso o trabalho que fazemos. Nunca, nenhum dia é igual. Isso é muito diferente de ficar presa em um escritório, em uma luz artificial, dentro de quatro paredes”.
Gilberto Leite

Veterinária Laura e a bióloga Heivanice trabalham não só na área delas, mas com o que precisar - está na rotina de todos este empenho em tudo que fazem
Cassia
Cassia Motta trabalhava, em 2015, em uma pousada. Gerenciava o estabelecimento e foi acionada por Scott e Kat como tradutora. Ela fala inglês fluente e eles precisavam de alguém para intermediar a conversa com corretores de imóveis, donos de terras na região e resolver outras questões.
“Maia e Guida fazem todo o nosso esforço valer a pena”
Assistente e tradutora Cassia Motta“Foi muito fácil gostar deles e me encantar com o projeto. Acabei me tornando voluntária e amiga dos dois”, conta.
Em 2016, recebeu a proposta para trabalhar integralmente para o santuário. Deu um pausa na carreira como hoteleira e hoje já faz quase três anos que está contratada. Resolve questões administrativas e de comunicação da organização.
Para ela, esta tem sido uma aventura linda, cheia de aprendizado e superação. “Maia e Guida fazem todo o nosso esforço valer a pena. E assim será também com os próximos resgatados”, assegura.
Serviços gerais
Na reserva trabalham também Joaquim e Silvana, que formam um casal, além de Eduardo e Panto, que são auxiliares de serviços gerais. Atuam na construção de cercas, manutenção da infraestrutura e operação de máquinas. Silvana ajuda na limpeza e com serviços domésticos. Mantém a infraestrutura da sede da fazenda em ordem para humanos e animais, além de preparar deliciosas refeições vegetarianas e veganas para equipes profissionais que visitam o Santuário. Carne de animal no cardápio nem pensar. A eles, só amor.
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Comentários (2)
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Luiz | Sábado, 18 de Agosto de 2018, 19h1350
Parabéns a todos os envolvidos; que bela missão e lição de vida. Quem dera, eu pudesse...
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Gilmar | Sábado, 18 de Agosto de 2018, 09h4450
Que Deus abençoe estes seres humanos.
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