EXPEDIÇÃO 300
Sexta-Feira, 15 de Novembro de 2019, 06h:53 | Atualizado: 16/11/2019, 11h:24
Cavaleiros do Pantanal guiam gado pelo rio e contam desafios da empreitada - veja
Mirella Duarte - Fotos: José Medeiros
O nascer e pôr do sol tem guiado o caminho de geração após geração. Cavalgando nas zonas pantaneiras, tempos de cheia ou quando tudo está seco, ao conduzir o gado por um percurso difícil entre os horizontes e imensidão.
José Medeiros

Homens atravessam Pantanal e rio Cuiabá com boiada reunida. Hábito é centenário na região e vem desde que bois eram trazidos de outras regiões do país
Quem conta as dificuldades desse trajeto é Luiz Arruda, o Luizinho, hoje com seus 53 anos, mas que sabe levar o gado desde os 12 anos, quando ainda ajudava seu pai que também se chamava Luiz e tratou de ensinar a filharada desde cedo.
José Medeiros

Pantaneiros estão acostumados com a rotina, mas não negam que ela é sofrida. Varam o dia tocando a boiada, montados em cavalos e descansam na noite
Lá se vão mais de 40 anos na lida e Luizinho lembra com saudosismo da época em que o Pantanal ainda não tinha tanta cerca, nem era cheio de donos. Ressalta que era muito mais fácil fazer a travessia do gado. Hoje em dia, entretanto, é preciso ter mais paciência.
José Medeiros

Vista aérea mostra animais reunidos e cercados por boiaderos que conduzem os animais de maneira segura e sem que eles se percam na mata ou aguaceiro
É um abre e fecha de porteira, conta o gado várias vezes ao dia, aparta, cerca e toca a bicharada que sai pelo aguaceiro cansada - ainda que acostumados pelos guias.
José Medeiros

Luiz aprendeu aos 12 anos a vida de travessia com o pai, ensinou filhos, e segue na rotina
A cada travessia, que começa com o clarear do dia, após tomar um pó de guaraná ralado, são 6 cavaleiros com a missão de levar, em média, 200 animais. Esses homens são retratados na Expedição 300 - O rio das lontras brilhantes: da nascente à foz. "Hoje em dia não morre mais nenhum, antes acontecia", diz seo Luiz.
Ele que ensinou o ofício também para seus os filhos. E conta com a parceria de dona Juscineide, com quem é casado há 35 anos. É ela que a cada despedida aguarda ansiosamente o retorno do companheiro. A marcha dura três dias até levar o gado para um lugar seguro - e a travessia do rio Cuiabá demora entre 1h30 a 2h, dependendo do dia e do ânimo dos animais. O retorno é de barco, por isso é mais rápido.
A rotina é sofrida. Para cada dia no relento, dormindo a onde a natureza ajuda em uma rede emprovisada, Luizinho ganha R$ 100. "Continuo porque gosto", justifica. A paisagem, com os anos, mudou. Ele conta que rio está cada vez mai seco - os barrancos estão se desfazendo. O cavaleiro do Pantanal guarda as belas memórias na mente.
José Medeiros

Poesia está entre cores e aquareladas no céu e vontade dos boiadeiros em trabalhar no meio do mato - após longo trajeto, retornam para casa e recomeçam
Fica mesmo é a memória e o sol mudando de lado - entre o começo e fim do dia - que nem a família que atravessou a vida, não apenas dos animais, mas do pai e dos filhos, pra descrever com poesia as paisagens e a travessia dos animais.
José Medeiros

São três dias de passagem. No anoitecer, depois de um dia puxado, há espaço para contar histórias no acampamento. Prosas variam de lendas ao passado
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Comentários (1)
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MOSSUETO | Sexta-Feira, 29 de Novembro de 2019, 09h5000
O homem só não encontrou solução para a morte, quando garoto, conversava com o meu biso, vaqueiro no pantanal, e este relava historias das barbaridades que o felino provocava no gado, então, eram inimigos mortais e quando estes se entravam, um tinha que morrer, e isto me fez não querer conhecer o pantanal, e hoje, vejo que é possível ir conhece-lo a fundo em segurança e o mais incrível é que essa nova relação, é mais uma fonte de renda para todos os pantaneiros, sem nenhum prejuízo a natureza. O homem só não encontrou solução para a morte, quando garoto, conversava com o meu biso, vaqueiro no pantanal, e este relava historias das barbaridades que o felino provocava no gado, então, eram inimigos mortais e quando estes se entravam, um tinha que morrer, e isto me fez não querer conhecer o pantanal, e hoje, vejo que é possível ir conhece-lo a fundo em segurança e o mais incrível é que essa nova relação, é mais uma fonte de renda para todos os pantaneiros, sem nenhum prejuízo a natureza.
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