RETROSPECTIVA-2009
Campanha pró-Copa une Maggi e Wilson
01/01/2010, 08h:25 - Atualizado: 26/12/2010, 12h:15
Políticos se juntam a milhares de pessoas, na praça 8 de Abril, para comemorar escolha de Cuiabá
Em 2009, o fanatismo pelo futebol e a rivalidade com Campo Grande foram as únicas ações que uniram politicamente o governador Blairo Maggi (PR) e o prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB). Ao contrário da confusão sobre as obras do PAC, motivo de ferrenhas trocas de farpas entre tucanos e republicanos, a luta para emplacar Cuiabá como uma das sedes do Mundial de 2014 motivou o tucano a se colocar à disposição do governo para auxiliar nas obras de infraestrutura exigidas pela Fifa.
Tanto o tucano como Maggi demonstraram descontentamento com as críticas da imprensa à falta de leitos nos hospitais e de condições de trafegabilidade nas ruas e avenidas da Capital. Também se uniram contra o governador sul-mato-grossense André Puccinelli (PMDB), que sempre ressaltava em entrevistas os pontos negativos do Estado vizinho. A disputa entre Cuiabá e Campo Grande reativou a rivalidade dos anos 1970, quando houve a divisão territorial do Estado.
Minutos após o anúncio da escolha de Cuiabá, Wilson Santos respondeu às críticas de Puccinelli. Do palanque, o prefeito declarou: "o governador de Mato Grosso do Sul e o prefeito de Campo Grande (Nelson Trad) devem estar chupando uma bela manga bourbon cuiabana". Em seguida, o governador emendou: “Enquanto eles se preocupavam em nos criticar, nós trabalhávamos”. A comemoração pela escolha de Cuiabá levou milhares de pessoas às ruas, principalmente do CPA e nas proximidades da praça 8 de Abril, em frente ao restaurante Choppão.
Maggi já liberou R$ 14,2 milhões para a empresa GCP Arquitetura Ltda elaborar o projeto de reestruturação e reforma do novo estádio Governador José Fragelli, o Verdão, dentro dos preparativos para Cuiabá sediar a Copa do Mundo daqui a cinco anos. A empresa ficou responsável por definir e elaborar todas as questões para a reforma, como, por exemplo, estudo de solo, parte elétrica, hidráulica e de engenharia. Após a entrega do relatório, o projeto será licitado e a empresa vencedora será incumbida apenas de executar as obras. Um outro contrato fechado pelo governo refere-se à empresa Deloitte Touche Tohmatsu Ltda, especializada em consultoria. O valor é de R$ 4,2 milhões.
Com a aprovação pela Assembleia, o governo criou a Agecopa, autarquia executora dos projetos visando à Copa de 2014. Tem como presidente Adilton Sachetti. Os demais membros da Diretoria Colegiada são Yênes Magalhães (Planejamento e Gestão), Jefferson da Costa (Orçamento e Finanças), Carlos Brito de Lima (Infraestrutura), Agripino Bonilha Filho (Articulação Institucional), Yuri Bastos Jorge (Assuntos Estratégicos) e Roberto França (Comunciação e Marketing).
A Fifa exige uma série de obras nas cidades que vão sediar o Mundial nas áreas de saneamento, transportes, hotelaria, indústria do lazer, portos e aeroportos, saúde, segurança e telefonia. O BNDES vai disponibilizar um teto de R$ 400 milhões para construir estádios no conceito de sustentabilidade. A expectativa é que o Ministério do Turismo invista US$ 2 bilhões em infra-estrutura urbana, aeroportos, metrôs, linhas exclusivas para ônibus e rede hoteleira. No total, o governo federal deve investir US$ 5 bilhões. A Grande Cuiabá deve receber mais de R$ 6 bilhões de investimentos públicos e privados por causa do "efeito Copa".