LEGADO DE PEDRO
Sexta-Feira, 16 de Maio de 2014, 07h:13 | Atualizado: 16/05/2014, 08h:56
Prefeito Baú elogia Casaldáliga, mas avalia que extremista barra logística
Patrícia Sanches
Enviada especial a São Félix do Araguaia
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Prefeito Baú elogia Casaldáliga, mas reclama de extremismo contra estradas
Pedro Casaldáliga, 86 anos, apesar da idade, ainda se mantém ativo nas discussões indigenistas e, por isso, causa polêmica e, às vezes, é alvo de críticas. O prefeito de São Félix do Araguaia, José Antonio de Almeida, Baú, em entrevista ao Rdnews, pondera que a atuação do bispo emérito e das ONGs e seguidores de Casaldáliga têm travado o desenvolvimento da cidade, especialmente porque impede a viabilização de dois projetos que visam à melhoria logística da cidade: a pavimentação da BR-242, trecho que interliga as cidades de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia e a TO-500, conhecida como a rodovia Transbananal, entre Formoso do Araguaia, no Tocantins e São Félix, que possibilita “encurtar” o caminho para outros estados, ficando interligada a BR-153, Belém-Brasília.
Nos dois casos os projetos estão "empacadoos" por causa da existência de aldeias indígenas: Xavantes e Karajá, respectivamente. O prefeito argumenta que a TO-500, por exemplo, ia ser viabilizada ainda na década de 80, mas, por causa dos embates que ocorrem até hoje, o projeto não avança. “Ia mudar a logística da região, mudar tudo. Hoje não temos uma passagem para Tocantins. Só há ponte, interligando com os outros estados, em Conceição (PA) e por Barra do Garças”, reclama.
Como o município está a 1.115 km da Capital de Mato Grosso, o gestor pontua que a cidade está ilhada. Ele argumenta que no caso da TO-500 são apenas 90 km que viabilizariam uma melhora significativa na logística da região. “Esses grupos defendem teses sem conversar com as pessoas. Se fizessem um plebiscito tenho certeza de que 95% votaria sim. São essas incoerências que a gente questiona”, pondera Baú.
Davi Valle

Pedro Casaldáliga, 86 anos, ainda acompanha os conflitos na região
Pedro, por sua vez, entende que a rodovia é ruim porque vai prejudicar os índios devido ao fato que cortar a aldeia. Entende ainda que o rio, para os Karajás, é a sua estrada e que caso utilizado para o transporte hidroviário também pode causar problemas porque seria necessária a construção de eclusas, caso contrário, na seca, os barcos tocariam o chão.
Polêmicas a parte, o prefeito Baú reconhece a importância de Pedro Casaldáliga para a cidade, região, Estado e país. Ressalta que ele é sistematicamente homenageado no município e que a principal avenida de São Félix do Araguaia leva o nome dele. “A presença de Dom Pedro foi positiva, ajudou a apaziguar a região. Graças a ele não cometeram tantos excessos, mas, agora que a paz chegou é o momento da esquerda recuar também”, avalia.
História
A história do município e a do bispo emérito se misturam. Casaldáliga chegou em São Félix do Araguaia em 1968, 8 anos antes da sua emancipação que aconteceu em 1976, após ser desmembrada de Barra do Garças. A cidade surgiu na localidade de Gariroba, que era um ponto onde vaqueiros e peões tinham armado, permanentemente, currais e, às vezes, ancoravam uma balsa usada para a travessia de animais para a outra margem, na Ilha do Bananal (TO).
Por volta de 1944, sertanejos criadores de gado, estavam se fixando na Gariroba com as famílias, ocupando aquele velho ponto das tradicionais travessias de boiadas. Um dos pioneiros é Severiano Neves, retirante do Piauí.
Aliás, essa é uma outra característica curiosa desta região, houve uma forte corrente migratória do Nordeste para São Félix do Araguaia, especialmente dos seguidores de Padre Cícero, que estimulava seu povo a procurar a "bandeira verde", e essa "bandeira", para eles, era a mata do Mato Grosso.
Hoje a cidade tem cerca de 10 mil habitantes e um orçamento de R$ 2 milhões por mês. A economia é baseada principalmente na pecuária e produção de soja. Para se ter uma ideia, na região de Porto Esperidião, distrito de São Félix do Araguaia, há 200 mil hectares de soja. “O Araguaia tem um grande potencial, só precisa de logística”, reforça Baú.

1ª Casa de Dom Pedro Casaldáliga às margens do Rio Araguaia. Hoje, no local, há um monumento em homenagem ao bispo emérito de São Félix do Araguaia
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