9 operações marcaram 2016; empresários, políticos e ex-secretários atrás das grades
29/12/2016, 14h:53 - Atualizado: 31/12/2016, 09h:16

O ano de 2016 foi marcado por várias operações policiais que atingiram tanto a Gestão Silval Barbosa (PMDB) quanto a de Pedro Taques (PSDB). Durante as ações, “figurões” políticos e empresariais foram parar na cadeia. Dando sequência às investigações da Operação Sodoma 1, deflagrada em setembro de 2015, que resultou na prisão de Silval e dos ex-secretários da Casa Civil Pedro Nadaf (em liberdade) e da Fazenda Marcel de Cursi, ao menos nove operações trouxeram à tona novos casos de corrupção no Estado.
Em 1º de fevereiro deste ano, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Seven, que resultou na segunda prisão de Silval e de Nadaf. Na ocasião, também foram presos o ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) Afonso Dalberto (prisão domiciliar) e o ex-secretário-adjunto de Administração José de Jesus Cordeiro (em liberdade). Ao médico Filinto Corrêa da Costa, proprietário da área negociada com o Estado, foi imposto o uso da tornozeleira eletrônica.
A investigação apontou que o procurador aposentado Chico Lima teria recebido R$ 7 milhões, em 2014, pela venda de parte de uma área que já havia sido adquirida pelo governo. Um decreto, assinado por Silval, teria originado a suposta fraude. Ao todo, nove foram denunciados.
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Ex-governador Silval Barbosa, ex-secretários Pedro Nadaf, Permínio Pinto e empresário Alan Malouf
Em 11 de março foi deflagrada a Operação Sodoma 2, que apura a aquisição de um terreno por R$ 13 milhões, localizado na avenida Beira Rio, em Cuiabá. A compra teria sido feita com parte dos cheques repassados como pagamento de propina do empresário João Batista Rosa, delator da Sodoma 1, que apurou fraudes na concessão de incentivos fiscais no Estado.
Nesta fase da operação também foram presos Nadaf, o ex-secretário de Administração e do MT-PAR César Zílio (em liberdade), Marcel de Cursi, a ex-conselheira fiscal do MT Fomento Karla Cecília (solta com tornozeleira) e do proprietário da Consignum Willians Paulo Mischur (solto), que fez acordo de delação premiada e citou a participação de Silval e do ex-chefe de gabinete Sílvio Correa, além de Pedro Elias ex-secretário de Administração, no esquema.
Em 15 de março, o ex-governador conseguiu a liberdade referente à prisão da Sodoma 1. Contudo, no dia 22 do mesmo mês, foi deflagrada a Sodoma 3, que resultou em mais uma prisão de Silval, bem como as de Pedro Elias e Silvio Correa.
Depois disso, Pedro Elias firmou um acordo de colaboração premiada com o MPE e citou a suposta participação do filho do ex-governador, Rodrigo Barbosa, no esquema. Com isso, Rodrigo foi preso em 25 de abril, em um desdobramento da Sodoma 3, e solto em 1º de junho após pagar fiança de R$ 528 mil. Um dia depois de Silval ser preso na Sodoma 3, o ex-governador recebeu a liberdade na Seven.
Apontado como líder de 3 esquemas, Silval completa hoje 1 ano de prisão
Em 26 de setembro, a Defaz lançou a Sodoma 4, e mais uma vez Silval recebeu ordem de prisão. Também tiveram a prisão decretada Marcel de Cursi, Arnaldo Alves, Silvio Correia Araújo e Valdir Piran (solto). Chico Lima foi preso por mandado preventivo no Rio de Janeiro, por policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Esta etapa apura o suposto desvio de dinheiro realizado por meio de três desapropriações milionárias pagas pelo ex-governador, em 2014.
Nessa ocasião, foram conduzidos coercitivamente Valdir Piran Junior, Eronir Alexandre, Marcelo Malouf, José Mikael Malouf, Willian Soares Teixeira, além do cumprimento de buscas e apreensão em residências e empresas dos investigados. Nesse período, o Buffet Leila Malouf foi alvo de busca e apreensão.
Rêmora
A primeira fase da Rêmora, que apura um esquema de fraude na competitividade em licitações da secretaria estadual de Educação, foi deflagrada em 3 de maio. À época, foram cumpridos 39 mandados entre busca e apreensão, coercitiva e prisão, sendo que entre os presos estavam os servidores da Seduc Fábio Frigeri, Wander Luiz dos Reis e Moisés Dias da Silva, além do empresário Giovani Belatto Guizardi, todos já em liberdade. O ex-governador Moisés Feltrin e Joel de Barros Fagundes Filho foram presos por porte ilegal de arma e obtiveram a soltura.
Em 24 de maio, foi recebida a denúncia do Gaeco contra 22 pessoas, entre servidores e empresários, pelos crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação.
Permínio foi preso na segunda fase da Rêmora, denominada Locus Delicti, deflagrada em 20 de julho e naquele mesmo mês passou a constar no rol de denunciados, assim como Juliano Jorge Haddad, por meio de um aditivo da denúncia.
No último dia 14, foi decretada a prisão preventiva do empresário Alan Malouf, dono do buffet Leila Malouf, na 3ª fase da Operação Rêmora, denominada "Grão Vizir". Alan foi citado na delação premiada do empresário Giovani como financiador do suposto caixa 2 da campanha do governador Pedro Taques (PSDB), em 2014. O empresário teria tentado recuperar o dinheiro com fraudes na secretaria.
Mário Okamura

A Polícia Civil e o Gaeco desencadearam operações no ano que resultaram em prisões significativas
Um dia depois, em audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Permínio admitiu que as denúncias contra são parcialmente verdadeiras. Disse que seu único erro foi ser omisso. “E aí veio meu grande erro, meu grande pecado, que foi a omissão. Eu permiti que eles fizessem o que fizeram. Permiti que iniciassem esse trabalho de contato. Mas chamei a atenção deles para que tivéssemos cuidado, não permitira que houvesse sobrepreço”.
Quatro dias depois, a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá Selma Arruda determinou a substituição da pena do ex-secretário de regime fechado para domiciliar com uso de tornozeleira.
Panacéia
O Gaeco deflagrou em 27 de outubro a Operação Panaceia, em parceria com a 1º Promotoria de Justiça Cível de Chapada dos Guimarães. O objetivo da ação foi desmantelar um esquema de possível fraude em licitação para compra de medicamentos, sem notas fiscais, para abastecer a rede pública. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da secretaria municipal de Saúde, na prefeitura, em um hospital, nos postos de saúde da zona urbana e rural e na sede da empresa Adilvan Comércio e Distribuição LTDA, na Capital.
Depoimentos bomba
Um mês antes da Sodoma 1 completar um ano, em 15 de agosto, Pedro Nadaf confessou a participação no esquema. Em audiência na 7ª Vara Criminal, o ex-secretário pediu desculpas à população mato-grossense pelos “erros graves que prejudicaram muitas pessoas”. Nadaf admitiu ter participado de uma organização criminosa composta por ele, o também ex-secretário estaudal Marcel de Cursi, a ex-funcionária da Fecomércio, Karla Cecília de Oliveira Cintra, e o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, conhecido como Chico Lima.
Nadaf confirma esquemas para pagar campanhas e coloca Silval como "chefe"
Outro que adotou a linha da confissão foi José Riva. Em 15 de abril deste ano, ele fez graves revelações contra vários deputados estaduais ao confessar ter indicado contas para depósito da propina cobrada para liberar o pagamento R$ 9,4 milhões, referente à dívida que a Assembleia tinha com o banco HSBC. “Estou extremamente arrependido”, disse à época.
Delações
O empresário Giovani Belatto Guizardi firmou acordo de delação premiada com o MPE e deu detalhes do esquema de fraudes de licitações da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), no qual ele é apontado como um dos líderes. Às autoridades, ele relatou que o esquema tinha um núcleo político que era integrado pelo deputado estadual Nilson Leitão (PSDB), que também refutou a acusação.